29 de abril de 2025
O MUNDO PERDIDO

 


    Quando eu era criança, assistia, todo os dias, no final da tarde, a uma série televisiva chamada O mundo perdido. Adorava a ambientação, as criaturas pré-históricas e todo o sobrenatural e a fantasia que envolviam a trama. Duas décadas passaram e descobri ser essa uma adaptação do livro homônimo de Sir Arhtur Conan Doyle, o criador do icônico detetive Sherlock Holmes. Nunca me interessei pelas narrativas que trazem esse personagem, mas, estava curiosa, ávida, de verdade, por conhecer a fonte de uma das séries favoritas da minha infância. 
    Em O mundo perdido somos apresentados, primeiramente, ao nosso narrador-personagem, Edward Malone, um jovem jornalista irlandês que mora em Londres e é apaixonado por uma moça que só aceita casar-se com ele se o mesmo se mostrar um homem de coragem, um desbravador. Por causa disso, o rapaz confronta um grande e excêntrico zoólogo, Dr Challenger, conhecido por espancar jornalistas, mas que parece ter a aventura perfeita para um homem colocar sua coragem à prova. 
    Depois de muitas evasivas e até de bastante violência por parte do pesquisador, Ed consegue convencê-lo a revelar suas descobertas e o professor fica tão animado com o entusiasmo do jovem que cria um plano para realizar uma nova expedição. Isso só acontece porque a comunidade científica não acredita na palavra de Challenger, que diz ter encontrado O mundo perdido, onde criaturas pré-históricas ainda vivem.
    O planejamento dá certo e um grupo é formado para a expedição, composto por Malone; um caçador, Lord Roxton; um membro da academia, professor Summerlee; e o próprio Challenger. A partir deste ponto a história de Sir Arthur Conan Doyle torna-se verdadeiramente interessante, pois a entrada para O mundo perdido fica aqui no Brasil, mais precisamente, na Amazônia. É nesse momento também que a narrativa pode interessar antropólogos e sociólogos, pois o discurso eurocêntrico e eugenista que tanto marcou o final do século XIX e começo do XX, catalizador de diversos conflitos armados sendo alguns deles as duas Grandes Guerras Mundiais, é bem demarcado aqui pelas falas dos protagonistas, pelo modo como tratam mestiços, indígenas e negros. 
    É justamente por causa desse preconceito e atitude de pretensa superioridade que eles são traídos e deixados para morrer no platô de O mundo perdido, sem saber o que os aguarda à fente e sem poder retornar para a "civilização". 
   A história do livro é bem diferente do que eu me lembro da série. Principalmente, no que diz respeito às personagens. Ed é um medroso que finge coragem, tornando-se imprudente; Challenger é execravelmente arrogante e eugenista, um insuportável; Lorde Roxton é mais ativo e Summerlee não é um velho de todo chato e rabugento. 
    Para uma primeira experiência com a escrita de Sir Arhtur Conan Doyle foi interessante acompanhar Ed Malone e seus companheiros em O mundo perdido. Apesar do pesares, o enredo é bem construído aos moldes das narrativas de aventura do século XIX, ou seja, tudo é muito providencial, e isso não é motivo para desprezar a obra, mas as falas e atitudes altamente preconceituosas dos protagonistas são enervantes e acabaram tirando todo o divertimento da leitura para mim. 

22 de abril de 2025
STARDUST

 O mistério da estrela





      Desde a leitura de Coraline, gosto bastante do estilo narrativo de Neil Gaiman. Depois desta, vieram O oceano no fim do caminho, Caçadores de sonhos, A bela e a adormecida e, é claro, Sandman. Contudo, até então, jamais tivera contato com uma obra que sempre chamou a minha atenção: Stardust, o mistério da estrela, pois nunca encontrei o livro disponível para compra e nunca consegui assistir ao filme, pelo menos, até agora. 
    Como já esperado de um roteiro baseado em um livro de Neil Gaiman, encontramos nesse longa muita magia e ficamos deslumbrados com as aventuras de Tristan e da estrela Yvanne. Stardust, o mistério da estrela começa nos apresentando uma Inglaterra que tem fronteira com um reino mágico, cujo nome é Stormhold. Há um muro separando o mundo conhecido do outro, porém Dunstan Thorn quer provar que do outro lado não há nada de mais...e ele acaba se enganando bastante... conhece uma jovem princesa escrava de uma bruxa e nove meses depois recebe em sua casa o filho dos dois chamado de Tristan. 
    Dezoito anos de passam e Tristan cresce e torna-se um rapaz bem ingênuo e apaixonado pela bela e interesseira, Victória. A fim de ter uma oportunidade de pedi-la em casamento, ao ver uma estrela cair do outro lado do muro, ele faz a promessa de encontrá-la e levá-la para a jovem, esta será sua missão. Em contrapartida, o cair da estrela tem relação com algo muito mais importante e perigoso: a sucessão ao trono de Stormhold. Além disso, um trio de bruxas quer a estrela para sugar-lhe a vitalidade e beleza comendo seu coração. O primeiro a encontrar Yvanne é Tristan. No início, ele quer apenas levá-la até Victória, mas, com o tempo, ele passa a tentar protegê-la de seus caçadores e uma amizade profunda começa a surgir. 
    Stardust, o mistério da estrela nos leva a um mundo repleto de encantos, o que é um deleite para aqueles que gostam do gênero fantasia. Infelizmente, um ponto negativo do filme são os efeitos especiais que, definitivamente, não envelheceram bem. Apesar disso, o roteiro é bem estruturado e tem muitas cenas engraçadas e divertidas, vale muito a pena assistir com certeza! 


15 de abril de 2025
ANNE DE WINDY POPLARS

 


    É inacreditável como Lucy Maud Montgomery consegue trazer felicidade e completo alento com sua escrita e sua querida personagem, nossa Anne, nossa ruivinha favorita! Confesso ter achado as trinta e sete primeiras páginas de Anne de Windy Poplars um pouco chatinhas, mas, depois delas, a narrativa ficou bem empolgante e divertida. 
     No livro anterior, Anne termina seus estudos na universidade e fica noiva de Gilbert. Ele, no entanto, precisa estudar mais três anos ainda a fim de completar o curso de Medicina. Nesse meio tempo, nossa heroína recebe uma proposta para trabalhar como diretora de uma escola em uma cidade distante de Avonlea, mesmo assim ela aceita. Anne encontra lá uma ótima casa onde aluga um quarto: Windy Poplars, tornando-se agora Anne de Windy Poplars
    Infelizmente, ou felizmente, em se tratando de nossa ruivinha, Lucy Maud Montgomery sempre consegue mesclar muito bem angústia e alegria, sendo assim, não foi surpreendente o sofrimento que Anne passa na mão dos Pringles, o clã dominante local; nem mesmo o ambiente de trabalho tóxico; nossa garota "tira tudo de letra". 

    Disse no começo que achei as primeiras páginas enfadonhas, isso se deu porque todas foram uma sucessão de cartas escritas por Anne para Gilbert. Achei isso chato e ainda bem que a autora voltou ao estilo em terceira pessoa, trazendo poucos momentos de correspondência depois. 

    Anne de Windy Poplars, como não poderia deixar de ser devido à época em que foi escrito, traz muitos casamentos e uma perspectiva bem datada desse compromisso, contudo, também traz muita aventura e confusão no melhor estilo Sessão da Tarde, bem característico da ruivinha. 

    Agradeço imensamente à genialidade de Lucy Maud Montgomery por ter criado uma personagem tão cativante e com histórias tão queridas. Em meus piores momentos de crises de ansiedade, Anne foi minha melhor amiga, uma companheira de risadas que me fazia lembrar que a vida não é só angústia e preocupação e que a cada novo dia temos a oportunidade de recomeçar. 

8 de abril de 2025
O ÚLTIMO VOO DAS BORBOLETAS

 


[...] " Em algum lugar da nossa alma, sabemos que não suportamos mais uma separação como essa. Por isso, não somos boas com despedidas. Preferimos deixar as coisas sem um ponto final." [...] p 31. 


      Sempre acompanho as publicações do canal/editora Pipoca & Nanquim e logo que assisti ao vídeo sobre O último voo das borboletas e Luz que fenece não perdi tempo, nem tive dúvidas: comprei ambas as hqs na pré-venda. Mas como vocês já sabem... Só realizei as leituras recentemente! hahahahaha

    Quando li O último voo das borboletas pela primeira vez eu não morava mais com meus pais. O Samu e eu alugávamos uma casinha de 20 m² e não tínhamos espaço para alocar todos os nossos livros, por isso, o mangá de Kan Takahama foi um de meus companheiros nessa primeira saga da vida adulta. 

     No vídeo, os meninos do Pipoca & Nanquim avisaram ser esta uma obra bem triste, no entanto, não dei ouvidos e embarquei na leitura de forma bem impetuosa, o que me obrigou a lê-lo mais vezes para captar de fato sua essência. 

    O último voo das borboletas narra uma história trágica, e bem poderia ter acontecido na realidade: nas primeiras páginas vemos um menino e uma menina brincando enquanto dois adultos fazem uma transação comercial; logo depois, conhecemos a bela tayu (prostituta de luxo) Kichou, no bairro de diversão de Maruyama, em Nagasaki. No decorrer da narrativa descobrimos que Kichou é a prostituta mais bem paga e cobiçada de toda a cidade. 

    Além disso, conhecemos um pouco do contexto histórico do Japão durante a segunda metade do século XIX, momento no qual o governo abriu seus portos para os estrangeiros, contudo, tal atitude dividiu opiniões e muitos japoneses relutavam em aceitar essa mudança. Kichou não é uma dessas pessoas e mantém um relacionamento com um médico holandês que está ensinando medicina ocidental a um jovem japonês. Esse garoto, Kenzo, odeia Kichou e credita a ela todos os infortúnios de sua família. 

     Como dito antes, o mangá de Kan Takahama é muito triste. Principalmente quando compreendemos o drama vivido por Kichou e seu desfecho trágico. Muito mais do que um mangá com insinuação erótica, O último voo das borboletas nos mostra com um belíssimo traço e uma narração delicada, um recorte da história japonesa nem um pouco digno e bastante desesperador para as mulheres que eram vendidas para a prostituição por suas famílias e carregavam as marcas físicas e psicológicas disso por toda a vida. 

3 de abril de 2025
Desejo Sangrento, de Ana Paula Ost


Oi, pessoal! Samu por aqui, trazendo mais uma indicação de leitura!



Não sei por quê, mas, antes de eu começar a leitura de Desejo Sangrento da autora Ana Paula Ost, a capa desse livro me remetia a um romance meio Crepúsculo, meio 50 Tons de Cinza. Juro, acho que por conta do título também, a palavra "desejo" me fez pensar que haveriam umas cenas hot, vampiros sensualizando, muita malemolência e coisa e tal💃. Mas, felizmente (pra mim), não tem nada disso e a história é super eletrizante!


Vou te contar a ideia geral da trama só pra te dar aquele gostinho. Em Desejo Sangrento, nós acompanhamos a atuação da investigadora brabíssima Leona Carvalho e seu parceiro Eduardo da Silva na investigação de uma série de casos criminais estranhos. Sim, minhas amigas e amigos, temos uma história policial, e com uma protagonista incrível! Só pra você ter uma ideia, logo na primeira cena ela já é suspensa por uns dias do trabalho por ter molhado um meliante de soco.


Sendo assim, a história começa quando a Leona é indicada para resolver um caso de assassinato bastante peculiar. A vítima, uma jovem aparentemente normal, foi encontrada em uma situação horrorosa, como se seu assassino tivesse realizado um ritual satânico ou algo do tipo. Inclusive, algumas partes desse livro trazem cenas de violência bem gráficas, então fica aqui o alerta. Com isso, a investigação vai levar Leona a descobrir todo um submundo de criaturas sobrenaturais, como vampiros, bruxas, lobsomens.


A escrita da Ana Paula Ost é super fluída, você praticamente engole o livro. O ritmo da história é frenético com bastante mistério, ação e tem até umas partes bastante assustadoras, como por exemplo a famigerada cena do banheiro (Sério! Todo mundo que leu acabou comentando😆). Inclusive, o desfecho do livro me surpreendeu em alguns momentos, como quando nos é revelado o porquê do título ser Desejo Sangrento. Quando caiu a ficha e eu entendi o motivo do "desejo", tive aquela sensação de "Uaaaau! Agora tudo faz sentido!"


Além disso, outro ponto que me chamou muito a atenção é o seguinte: geralmente nesse tipo de história nós não estamos nem aí para os humanos e só esperamos a aparição das criaturas sobrenaturais, né? Mas no caso de Desejo Sangrento isso é diferente. A Leona e o Eduardo, bem como outros humanos, são personagens bastante cativantes e, pelo menos na minha experiência de leitura, eles acabaram sendo meus personagens favoritos. É difícil não gostar dos humanos nesse livro, e pra mim isso é um ponto muito positivo.


Então, se você é um fã de histórias naquele estilo André Vianco, que mesclam ação e terror na medida certa, esse livro é pra você!


1 de abril de 2025
AS PRIMEIRAS QUINZE VIDAS DE HARRY AUGUST

 


        A primeira vez que vi o livro As primeiras quinze vidas de Harry August foi em 2017; Samu e eu estávamos na Livraria Cultura e achei o título do romance criado por Claire North bem interessante e sugestivo. Muitos anos passaram até que finalmente tive oportunidade de fazer essa leitura e posso dizer seguramente que está é uma narrativa surpreendentemente original. 

        As primeiras quinze vidas de Harry August é narrado em primeira pessoa pelo próprio Harry que nos conta como é viver com sua peculiar condição: ao morrer ele sempre volta ao início de sua vida, no útero da mãe; ele nasce, cresce, envelhece, morre e retorna ao ponto inicial em um eterno ciclo sem fim. 

        Em suas primeiras vidas, ele sofre bastante, mas encontra o Clube Cronus, organização secreta de ouroboreanos (como eles se autodenominam) que se ajuda ao longo das eras, seja no passado, presente ou futuro. Eles sabem de tudo, porém decidiram não interferir no desenvolvimento humano e a grande maioria prefere vadiar e gastar dinheiro a rodo ao longo dos séculos. 

     Harry, pelo contrário, sente um vazio muito grande e tenta preenchê-lo com a ciência, religiões, filosofia, contudo, a única pessoa capaz de lhe dar um propósito na vida foi o também ouroboreano, Vincent Rankis. O jovem cientista decidiu que sua "espécie" deveria sim interferir no desenvolvimento da humanidade "linear", assim, ele cria uma máquina a qual batiza de "Espelho Quântico" e convida nosso protagonista para participar do projeto. Harry, decepcionado com a conduta dos membros do Clube Cronus, decide ajudá-lo.  No meio do caminho, porém, ele fica horrorizado com os verdadeiros objetivos de Vincent e fará de tudo para detê-lo, não importando quantas vidas precisará viver para isso. 

        Claire North conseguiu escrever uma história fascinante e bastante criativa em As quinze primeiras vidas de Harry August. Infelizmente, ela pesa um pouco a mão nas digressões e aventuras paralelas do protagonista, apesar disso, a leitura é muito divertida e, passados esses pontos um pouco desinteressantes, a trajetória de Harry e sua busca por Vincent e sua máquina é frenética. Com certeza, se você gosta de fantasia e por que não ficção científica esse é o livro para você. 

25 de março de 2025
BEASTARS

 ... e como "o lobo bom" parece ser mais uma obra inspirada em Crepúsculo...


        Conheci a premissa de Beastars através dessa análise do canal Quadrinhos da Sarjeta e achei a história bem interessante, mas sabe quando você sente que já leu ao assistiu algo parecido, e não lembra a referência? Pois bem, assisti ao anime, que está disponível na Netflix, e comentei com uma amiga, e ela me vem com o seguinte comentário: nossa, essa história lembra muito Crepúsculo, só que com animais falantes. E não é que parece mesmo? E eu vou explicar por quê.  

          Beastars  - o lobo bom, como ficou conhecido aqui no Brasil, é uma animação com três temporadas, finalizada esse ano. A série é adaptação do mangá de mesmo nome escrito e ilustrado pela autora Paru Itagaki e têm como protagonista um lobo cinzento, Legoshi, uma coelha anã branca, Haru, e um veado vermelho, Louis, todos cursando o ensino médio na mesma instituição. 



       O mais instigante em Beastars é essa reimaginação da nossa sociedade, agora com animais, ou seja, não existem humanos; e carnívoros e herbívoros coexistem, em tese, pacificamente. Só que, sabendo ser essa uma um espelho da nossa própria sociedade real, a gente já sabe que não é bem assim... Até por que o primeiro episódio da primeira temporada começa com um assassinato: um estudante carnívoro devorou um estudante herbívoro, sendo este último um grande amigo de Legoshi, o que deixará o lobo bom muito desolado e desacreditado de sua "classe". 

        As reviravoltas não param por ai e é nesse momento que o elemento Crepúculo de apresenta na narrativa, isso porque Legoshi vai sentir uma atração irresístivel pela coelha anã branca, Haru, contudo, ela, diferente de Bella Swan não é uma mosca morta, e sim uma verdadeira predadora sexual que não se deixa intimidar por ninguém, muito menos por um lobo cinzento com o triplo de seu tamanho. Haru é uma personagem complexa que tenta driblar uma condição de herbívoro fraco e diminuto sendo uma predadora onde ela consegue: na cama; isso causa a ela muito solidão, visto que as outras fêmeas têm muita raiva e despeito por ela, contudo, para Haru, é melhor estar sozinha do que cercada de pessoas que tenham tão somente pena dela. 



        Legoshi vai entrar em um dilema moral muito grande, pois ele não sabe se sente atração pela coelhinha porque ela é mesmo muito atraente, ou porque ele quer devorá-la, no sentido literal e carnívoro da palavra mesmo. No final da primeira temporada ele consegue ter uma delimitação maior de seus sentimentos, porém, sua estatura e força ainda o assustam muito e ele não se deixa ficar com a Haru por medo de machucá-la e esse medo se mostra totalmente plausível, quando, no começo da segunda temporada, descobrimos quem matou Tem ( o jovem herbívoro devorado no primeiro episódio) e vemos outras situações assustadoras envolvendo um casal formado por uma herbívora e um carnívoro. 

        Beastars é uma obra muito interessante, divertida com diversas reflexões políticas e sociais e  que reflete muito bem, de forma alegórica, o racismo estrutural da sociedade, a luta de classes, a desigualdade e a corrupção, mas juntamente a tudo isso traz também uma nova interpretação do dilema imaginado por Stephanie Meyer, em Crepúsculo, e o faz de uma maneira plausível, linda e super instigante, nossa, é perfeito. 

        Espero que você, fã de Beastars, não veja essa comparação como algo negativo, ela só é o que é. É tolice negar que Crepúsculo não influenciou a produção literária de 2008 para cá e é muito legal encontrar uma obra que o fez de maneira a não testar a nossa inteligência, usando pautas sociais de maneira responsável e nos dando um entretenimento de qualidade que não apenas cumpre a função estética da arte, mas também a catártica, ou seja, nos faz refletir, nos faz avaliar a sociedade ao nosso redor e vê-la com outros olhos. 



        Além do improvável casal, outra personagem de grande destaque na trama é Louis, a trajetória de vida dele, de pequeno cervo vítima de tráfico no mercado ilegal de carne, à filho adotivo de uma das famílias de herbívoros mais rica, poderosa e influente nessa sociedade é cheia de altos e baixos e reviravoltas; sendo bem sincera com vocês nunca teria imaginado o destino que Louis tem na segunda temporada, nunca mesmo. Ele é a pessoa mais lúcida e pé no chão dentre os protagonistas, até porque Louis não pensa apenas em seus dilemas pessoais tal como Legoshi e Haru, ele pensa no todo, no futuro dessa coexistência tênue e facilmente quebrável entre herbívoros e carnívoros e isso, meus querides, é incrível demais. 

        Só posso dizer que Beastars vai deixar saudade e já estou me preparando para adquirir os mangás e analisar a fonte da adaptação que tanto gostei e admirei. E você? Já assistiu Beastars? Gostou? Não gostou? Diz para gente nos comentários.