Sabe aquele filme que você só assistiu na infância e te deixou uma memória afetiva tão forte que você a carregou por toda a vida? A história sem fim é um desses exemplos para mim. Contudo, por algum motivo que não sei, nunca tinha lido o romance de Michael Ende, o qual deu origem ao longa de 1984.
A história sem fim, apesar de ser um livro curto, tem uma narrativa complexa e repleta de simbolismos. Bastian é um menino gordo e sofre muito bullying na escola por causa disso; acabou de perder a mãe e precisa conviver com um pai em profunda depressão, totalmente alheio às necessidades do filho.
Um dia, ao fugir de seus agressores, ele entra na livraria do antipático senhor Koreander. Ao ficar sozinho entre os livros, nosso protagonista, um leitor ávido, encontra o livro de seus sonhos, um volume intitulado A história sem fim. Sem dinheiro e sabendo que mesmo se o tivesse, o velho rabugento não lhe venderia o livro, Bastian não pensa duas vezes e sai correndo com o volume em mãos.
Na escola, não querendo encarar os demais alunos e professores, o garoto se esconde em um sótão e dá início à leitura. A história sem fim, em sua primeira parte, narra a busca do jovem Atreiu, um caçador pele-verde de 10 anos, ao qual foi confiada a missão de encontrar a cura para a Imperatriz Criança, a governante do reino de Fantasia. Em sua aventura, Atreiu vai se deparar com grandes perigos, perder um amigo, mas vai ganhar outro também.
Enquanto isso, em sua leitura, Bastian percebe que algumas coisas estranhas estão acontecendo ao seu redor, e que talvez ele seja a chave para encontrar a cura que a Imperatriz Criança tanto precisa. Como dito no início, A história sem fim é repleta de simbolismos e alegorias, sendo as mais gritantes aquelas relacionadas à depressão e ao luto. É interessante e emocionante acompanhar Atreiu e o dragão da sorte, Fuchur, em sua busca.
Quando a narrativa passa a centrar-se em Bastian como herói, porém, para mim, ela perde muito de seu brilho e confesso ter me arrastado ao longo da leitura dessa segunda parte. Além dessa ressalva, preciso externar minha indignação com a demora em fazer uma edição bem feita dessa obra. Gente, A história sem fim foi publicado pela primeira vez, na Alemanha, em 1979, e só veio para o Brasil em 2011! Apenas em 2020 a editora Martins Fontes publicou, para os leitores brasileiros, uma edição semelhante à idealizada por Michael Ende.
Ressalvas à parte, a leitura de A história sem fim reavivou minha vontade de assistir mais uma vez ao filme homônimo e me deu mais dois personagens literários para guardar no coração: Atreiu e Fuchur. Com certeza, esse livro é mágico e muito especial e, se você ainda não o leu, leia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante! =D