Sussurros na Escuridão é um conto
de autor Howard Phillips Lovecraft. Acredito que ele seja meu conto
favorito desse autor até o momento, mas é difícil afirmar com
certeza. Tudo que leio da “mitologia cósmica” criada por
Lovecraft sempre me agrada e me deixa no hype de ler mais. E esse
conto não poderia ser diferente.
Sendo assim, vou começar falando
sobre o plot. Em Sussurros na Escudidão, Lovecraft utiliza uma
fórmula bastante recorrente em seus textos. Se você já leu alguma
outra história dele, com certeza vai achar esse plot muitíssimo
familiar (por exemplo, um outro conto chamado O Horror em Dunwich).
O texto traz um protagonista cético
que narra uma sucessão de acontecimentos tenebrosos cuja origem é
cercada de mistérios. Chama-se Albert N. Wilmarth, professor de
Literatura na Miskatonic University. Além de ensinar Literatura,
nosso protagonista também é um entusiasta nos estudos do folclore
da Nova Inglaterra, região nordeste dos EUA, que é onde a história
se passa.
Um adendo: Para quem não tem
familiaridade com as narrativas de Lovecraft, acho válido ressaltar
que essa tal universidade Miskatonic é fictícia. De acordo com a
descrição do autor, ela ficaria numa cidade também inventada
chamada Arkham, no estado de Massachusetts. Inclusive, é
interessante saber que essa cidade inspirou o Arkham Asylum, das HQs
do Batman.
Voltando ao plot, a narrativa inicia
com uma série de correspondências trocadas entre Wilmarth e outros
pesquisadores renomados. Eles discutem sobre um estranho caso
ocorrido na região do sul de Vermont (é legal sempre localizar num
mapa essas indicações de lugares, sério!). Basicamente, num certo
dia, os moradores da região avistaram boiando nos rios umas
criaturas assustadoras, jamais vistas anteriormente.
O caso em questão despertava o
ceticismo de Wilmarth. Contudo, num determinado momento dos debates,
o protagonista recebe uma correspondência de um tal Henry W. Akeley,
e essa carta fará com que Wilmarth passe a repensar suas convicções
sobre o estranho ocorrido. Acontece que este Akeley mora na região
de Vermont e, por conta da proximidade, teve a oportunidade de “se
aproximar da verdade”.
Daí pra frente, as correspondências
trocadas entre esses dois personagens ditam o teor sinistro da
narrativa. Confesso que tive algumas noites de pesadelo ao ler no
escuro, antes de dormir (e isso é bizarro!). Akeley conta a Wilmarth
sobre grotescas criaturas que foram vistas e ouvidas trafegando pelas
montanhas. E, a cada nova carta, Akeley parece estar mais perto de
compreender o que esses monstros querem. Contudo, o perigo cresce
cada vez mais. A descoberta de uma pedra feita de um material
extraterreno, as gravações feitas dos sussurros das criaturas, as
fotografias das pegadas. Todas as evidências levam nosso
protagonista a acreditar nas declarações perturbadoras de seu
correspondente. E o final da trama nos revela coisas que a humanidade
jamais deveria saber.
Lovecraft é genial em termos de
construção da atmosfera. Eu jamais imaginaria colinas tão
sinistras e um ambiente rural tão denso e perturbador.
Outro aspecto que muito me atrai nas
narrativas desse autor, e que com Sussurros na Escuridão não foi
diferente, é o fato de a grande maioria das histórias fazerem
referências umas com as outras. Por exemplo, as montanhas ao sul de
Vermont, citadas neste conto, são geograficamente bem próximas às
colinas arredondadas aos norte de New Hampshire, cenário do conto
Horror de Dunwich. Além disso, ambas as narrativas se passam quase
na mesma época, entre 1920 e 1930.
Creio que essas intertextualidades
sejam um dos principais fatores que levam Lovecraft a ser considerado
Mestre do Horror, junto com outros consagrados autores. Sendo assim,
eu recomendo muito a leitura tanto desse conto quando de outros, pois
a cada novo texto lido, você terá cada vez mais familiaridade com
os Mitos de Cthulhu e o horror cósmico que é tão atraente ao ponto
de se tornar parte da cultura pop da atualidade.
Por Samuel de Andrade
Sou fã de Lovecraft, amo as obras mas não gostei logo de cara, demorei um pouco pq o estilo cheio de adjetivos e em primeira pessoa não me agradavam muito. Dunwich é um dos meus preferidos, recomendo fortemente A Cor que Caiu do Céu/Espaço (varia conforme a tradução).
ResponderExcluirOlha, O Samuel a, eu ainda não fui adorou o Lovecraft, eu ainda não fui cativada... Mas quero muito ler A Cor que caiu do espaço.
ExcluirOlá! Realmente H.P é muito mestre em criar histórias tão diferentes e assustadoras! Lembro que a primeira vez que li, fiquei basicamente com medo e sem entender quase nada! Porque pra quem nunca leu é mesmo muito diferente! Esse conto ainda não tive a oportunidade ler, mas a maneira como ele é escrito ambientado no interior, e o modo como as cartas são usadas para darem voz a narrativa, deixa tudo mais misterioso e atrativo. Obrigada pela resenha!
ResponderExcluirBjoxx ~ www.stalker-literaria.com ♥
Hahaha o Samuel passou uns três dias tendo pesadelos por causa desse conto!
ExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirQue historia intensa para um conto não é? Gosto de ler de tudo um pouco e terror é aquele gênero que me tira da zona de conforto. Talvez um conto não me assuste tanto. Vou amar conhecer Lovercraft.
Beijos
Que legal! Sou dessas também! =D
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