28 de setembro de 2016 Persuasão - Jane Austen

Na postagem anterior, eu disse que Emma era o meu segundo livro favorito de Jane Austen, mas apenas era mesmo, porque, a partir de já, Persuasão se tornou o meu queridinho e perde apenas para Orgulho e Preconceito, por causa do tom mais divertido e irreverente deste. 

Último romance acabado pela autora, Persuasão conta a história de Anne Elliot, uma moça de vinte e sete anos que, quando adolescente, apaixonou-se por um jovem marinheiro, porém as convenções sociais fizeram com que esta desistisse do amor pelo rapaz pobre e sem eira nem beira e ficasse sozinha com sua melancolia por longos oito anos. 

Passado esse período, o jovem retorna agora como Capitão Wentworth e está rico e toda a sua família também está ascendendo socialmente, enquanto a de Anne, apesar de ainda ser "nobre" estar com grandes dificuldades financeiras. Os dois acabam se reencontrando e o capitão trata nossa heroína de maneira educada, e fria. Ela fica triste, mas acredita merecer essa indiferença por ter se deixado persuadir pelos parentes e abandonado tão rápido seu único amor, 

Além disso, Wentworth está procurando por uma esposa e Anne precisa vê-lo flertar com outras mulheres mais jovens e mais bonitas do que ela enquanto ainda o ama, contudo a chegada de um primo  fará com que a situação mude e alguns sentimentos conflitantes aflorem... 

Essa narrativa tem um tom muito melancólico e mais "adulto" até. As personagens não se expressam de maneira espirituosa, como de costume nas obras de Austen, na verdade, elas são muito sérias e desiludidas. Os casais verdadeiramente felizes na trama são aqueles que fogem totalmente aos padrões da sociedade e até mesmo a escandalizam em alguns momentos. 

E mais uma vez, Jane Austen nos mostra como as aparências enganam e como as convenções sociais podem atrapalhar, e muito a felicidade das pessoas! É interessante e palpável a visão madura e menos otimista que a autora tem acerca dos relacionamentos familiares e amorosos de seu tempo. 

Persuasão é um livro excelente. Não há quaisquer exageros descritivos, grandes jantares, ou coisa que o valha. Aqui, o foco está unicamente na relação da protagonista com a culpa por se deixar levar pela opinião dos outros e sua vontade de ser feliz, mesmo acreditando não merecer isso.