Após concluir algumas séries muito queridas, não estava encontrando algo que verdadeiramente me chamasse a atenção na Netflix, mas, sigo um canal chamado Sobre vivendo na Turquia, o qual fala muito a respeito de relacionamentos entre ocidentais e médio orientais e os quase sempre péssimos resultados disso; Lá, peguei a dica dessa maravilhosa e aterradora minissérie sueca: Califado.
Hoje em dia devido a quantidade enorme de conflitos no Oriente Médio, é muito comum vermos notícias sobre terrorismo ocorridos nesses lugares e sobre refugiados, contudo, é muito difícil conhecermos os diversos pontos de vista dentro dessas realidades. A minissérie Califado se propõe a fazer isso de um forma bem convincente.
Nessa produção sueca, somos apresentados a três mulheres muito diferentes, com três pontos em comum: são cidadãs suecas, muçulmanas e, de alguma forma, estão envolvidas com o Estado Islâmico. São elas: Parven, Fátima e Sulleika.
Já no primeiro episódio, conhecemos o drama de Parven, uma jovem mãe presa no Califado da Síria, sob o julgo do Estado Islâmico; desesperada com o fato de seu marido ter-se tornado um assassino e aterrorizada com a perspectiva dele matá-la, ao conseguir um celular, algo punível com a morte para uma mulher, ela liga para uma antiga professora que lhe dá o contato de uma policial.
Assim, surge em cena, Fátima, uma agente do serviço especial sueco. Ela enfrenta no momento uma certa falta de credibilidade no trabalho e acredita que, se conseguir retirar as informações certas de Parven, conseguirá deter um ataque terrorista de proporções jamais vistas na Suécia e ser vangloriada no trabalho.
Nesse meio tempo, seguimos os passos de Sulleika, uma adolescente de 15 anos, estudante em uma escola, aparentemente, para imigrantes. Lá, ela e sua melhor amiga, Kerima, fazem amizade com o jovem, inteligente, gentil, brilhante, sensível, galante, enfim, é boy magia que chama ainda, né? Ibrahim Haddad, o que elas não imaginavam é o quão envolvido com o Estado Islâmico ele estava...
Califado conta com apenas oito episódios eletrizantes e difíceis de largar. A cada um deles, vemos Parven com a sua vida por tris enquanto tenta descobrir informações que ajudem Fátima a tirá-la da Síria viva com sua filhinha. Ficamos revoltados com a total falta de empatia de Fátima que apensas pensa em sua carreira e não mede suas ações, podendo levar Parven, uma vítima, à morte. Também sentimos raiva e frustração ao ver Sulleika, sua irmã mais nova e Kerima serem, dia após dia, mais e mais influenciadas por Ibrahim a odiarem cristãos e qualquer não mulçumano, incluindo seus próprios pais, e verem as ações do Estado Islâmico como honestas e corretas.
Todas essas mulheres correm sério risco de perder a vida e Califado tenta nos mostrar como é tênue a linha que separa a vítima que quer sair desesperadamente de seu cativeiro, com aquelas que decidem ir por vontade própria, após serem manipuladas, como cordeiros para o sacrifício...
Outro ponto muito importante é a discussão proposta por Califado acerca da forma como refugiados e imigrantes mulçumanos, em geral, são tratados no Ocidente: sempre com desconfiança, desdém, sem oportunidades de ascender economicamente... Essas injustiças são o escopo necessário para agentes do Estado Islâmico entrarem na vida de jovens fragilizados, sem perspectivas, recrutando-os com falsas promessas para mais do que a morte certa, seja no meio do fogo cruzado, seja dentro de casa submetendo-se a um marido abusivo.
Sem dúvidas, Califado é uma aposta muito acertada da Netflix, esse thriller eletrizante é difícil de largar até saber o destino de suas protagonistas. Se você se interessa pelo assunto, ou por esse gênero, não deixe de maratonar essa série, você não vai se arrepender.


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