Quando eu falo que sou marcha lenta, o povo acha que é história, mas eu sou mesmo e tenho como provar: em 2018 a editora DarkSide lançou O corvo, hq escrita e ilustrada por James O'Barr. Comprei meu exemplar em 2019 e o li no ano passado e vou publicar a resenha por aqui hoje. Hahaha Essa é única risadinha que darei nesse post, porque a história de hoje é pesada e muito triste.
Acontece que há anos quero ler O corvo, o problema é que eu sempre protelava essa leitura porque sabia que ela me impactaria e me deixaria um pouco arrasada e eu estava certa. A trama desenvolvida por James O'Barr é violenta, trágica e nem um pouco bonita (por causa do tema e porque os traços dele são bem estranhos e muito carregados de nanquim).
Caso você não saiba, James O'Barr passou por um trauma muito grande que o fez, para expurgar toda a dor e culpa, iniciar a criação de O corvo: a então namorada dele da época, a qual ele chama de "a garota que era Shelly" sofre um acidente de carro e morre na hora, ela havia saído para resolver um problema de James, logo, ele se sentiu culpado pela morte dela durante muitos anos. Isso é bem tangível em toda a obra, a dor, o sofrimento, a culpa, o sentimento de raiva e revolta.
Em O corvo acompanhamos a história de vingança de Eric, um rapaz que vivia com sua noiva em uma das cidades mais perigosas dos Estados Unidos. Uma noite, quando o motor do carro deles para de funcionar, o casal é abordado por uma gangue, são roubados, atiram em Eric a queima roupa e sua noiva, Shelly, é brutalmente violentada e assassinada, é uma cena horrível de se ver.
É a partir daí, com a ajuda de uma entidade sobrenatural que assume a forma de um corvo, que Eric irá traçar seu plano de vingança: ele matará todos os envolvidos no assassinato violento de sua amada para só assim poder descansar em paz ao lado dela. E, no meio do caminho, ele também ajudará uma garotinha.
A leitura de O corvo até seria rápida, afinal, é uma hq, só que a temática e as cenas violentas te obrigam a parar um pouco, fazer outra coisa, ler algo mais leve e depois voltar. Falei antes sobre o traço esquisito de James O'Barr, mas é notável como ele o suaviza e torna mais equilibrado quando Eric relembra os bons momentos com Shelly, tornando-os belos e oníricos e a realidade ainda mais perturbadora.
Gostei de O corvo, pretendo reler essa obra? Jamais. As impressões que ela me deixou serão difíceis de apagar, logo, não pretendo passar por isso de novo. Não estou aqui criticando negativamente o trabalho de James O'Barr, muito pelo contrário! A obra é tão verdadeira e pungente que eu simplesmente não conseguiria acompanhar o sofrimento de Eric e Shelly mais uma vez.



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