Um livro de perdas...
Sem sombra de dúvidas, o livro O quinze, de Rachel de Queiroz é repleto de perdas para suas personagens, mas de muitos ganhos para a autora, que foi longamente elogiada por grandes nomes da época após sua publicação.
O quinze tem esse título por causa da seca que abalou o Nordeste brasileiro no ano de 1915. As população da região se viu arrasada pelas mortes dos animais, a falta de comida e de água e pelo desemprego. Rachel de Queiroz nos apresenta três núcleos de personagens que se entrelaçam, mas têm desenvolvimentos bem diferentes.
Primeiro, conhecemos Conceição, uma jovem e progressista professora que sonha ser mãe, contudo, não vê o casamento com bons olhos... ela é o interesse amoroso de seu primo, Vicente, um jovem rústico e trabalhador que preferiu dedicar sua vida à fazenda dos pais, do que estudar e viver na capital como a prima. Por fim, acompanhamos a dura trajetória do vaqueiro Chico Bento e de sua família. Ao contrário dos outros dois, estes não têm condições financeiras de sobreviver à seca, por isso decidem partir, contudo, em seu caminho eles encontram tanta tristeza e miséria que terão muito mais arrependimentos do que esperança.
Em suma, O quinze é uma narrativa bem característica do Regionalismo brasileiro, pois traz os dramas das pessoas pobres de forma bem realista, crítica e objetiva. É um romance de denúncia, sem ser panfletário. Tal como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz também possui um estilo conciso, duro e cortante. Nenhuma palavra é usada como mera decoração, todas as frases são carregadas de sentido e suas personagens demonstram bem os tipos sociais que marcaram o início do século XX no país.
Por causa da variação linguística específica da década de 1930, entretanto, um leitor menos preparado pode ter um pouco de dificuldade de realizar a leitura de O quinze, pois muitas palavras caíram em desuso e ter um dicionário à mão talvez seja necessário.
Chegamos à conclusão de que O quinze, de Rachel de Queiroz é uma narrativa curta e simples, porém, cheia de reflexões sobre a dura sorte das pessoas pobres e de como somos completamente marginalizados e vistos como meros joguetes nas mãos de quem tem poder.
Oi Andréa, tudo bem? Acho que já ouvi falar desse livro, mas não tive a chance de ler. Parece ser um relato bem verossímil da situação e acredito que seja bastante comovente. Não é muito minha zona de conforto, mas eu leria pela curiosidade e a importância da obra.
ResponderExcluirAté breve;
Helaina (Escritora || Blogueira)
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