Quando eu tinha uns dez ou doze anos, havia um filme que sempre passava na saudosa "Sessão da Tarde", o qual eu gostava muito, mas, por algum motivo desconhecido, nunca conseguia assisti-lo até o final. O nome dessa produção é A princesa prometida.
No dia 30 de dezembro de 2019, fui a feira do livro da Martins Fontes, lá na Paulista. Ao passar pelas diversas fileiras de livros qual não foi a minha surpresa ao deparar-me com A princesa prometida?! Não pensei duas vezes, levei o livro para casa, o tempo passou e finalmente realizei essa leitura, contudo, não estava preparada para o estilo de William Goldman e me surpreendi bastante.
Talvez você não se lembre; eu me lembro vividamente do início do filme A princesa prometida: toda aquela aura mágica e fantasia em volta da história de amor da bela Buttercup e do jovem Westley. No livro, ela também acontece, a magia e a fantasia também estão lá, entretanto, essa não é a única história que lemos.
Em A princesa prometida, William Goldman, nos traz duas narrativas igualmente fictícias com toques de realidade: a primeira, é da própria vida dele e de como tornou-se um roteirista premiado por causa da história de Buttercup, lida por seu pai quando ele era um menininho e estava acamado; a segunda, narra o romance A princesa prometida, apensas com as partes boas, visto que o livro completo de S. Morgenstern era uma sátira sobre a política do reino de Florin e sempre foi amplamente estudado por acadêmicos desse país...
Agora, eu quero que você abra uma outra aba em seu navegador e pesquise "mapa mundi", clique em imagens e procure pelo nome de Florin. Achou alguma coisa? Pois é, Willian Goldman é um bom contador de histórias... Ele aborda essa sua "vida pessoal" de forma tão verossímil que um leitor menos atento, ou com pouco conhecimento em Geografia, poderia acreditar em tudo e ficar bem confuso ao saber, por exemplo, que Stephen King não é natural do Maine, mas sim de Florin. hahaha
Muita loucura? Pois ainda nem chegamos ao enredo principal do livro... A princesa prometida nos apresenta a belíssima e bem obtusa Buttercup, filha de fazendeiros; e o belo e muito inteligente Westley, o praticamente escravo do lugar; Com o passar dos anos, a relação deles torna-se muito maior do que a mera dinâmica de patrão/empregado, sempre pontuada pela submissa resposta do rapaz: "Como quiser", a tudo o que a jovem lhe pede; e eles se apaixonam avassaladoramente.
O problema é que Westley decide viajar para conseguir dinheiro a fim de casar-se; Buttercup o aguarda ansiosa, contudo, poucos meses depois, uma carta funesta chega: o terrível pirata Roberts atacou o navio no qual Westley trabalhava e matou a todos. Ao saber disso, a jovem decide nunca mais amar e aceita o pedido de casamento por conveniência com o príncipe de Florin, um psicopata.
Pouco tempo antes do casamento, Buttercup é sequestrada por um trio bem estranho que quer matá-la em nome do reino vizinho a Florin, Guilder; o que pode ocasionar uma guerra entre eles. Para surpresa de todos, o próprio pirata Roberts se envolverá nessa disputa, pois ele quer vingar-se de Buttercup que, para ele, é uma mulher frívola e infiel.
Por ter apenas as partes "boas", em diversos momentos, William Goldman se intromete na narração e nos explica porque "cortou" determinadas partes, o que pensava delas etc. Basicamente, ele só deixou as cenas de ação, aventura e magia no livro, o que nós, leitores, agradecemos muito. Infelizmente, as intromissões são um pouco enfadonhas em alguns pontos e, sinceramente, eu não estava interessada na vida e opiniões dele, eu só queria a ação mesmo, confesso.
Há, contudo, algo muito interessante em A princesa prometida, do ponto de vista da enunciação, segundo Benveniste, pois fica bem clara ao longo da leitura, a diferença entre o autor "William Goldman" real, que ganhou dois oscars de melhor roteiro original, o enunciador "William Goldman" que nos conta sua "história" e modifica algumas partes de A princesa prometida e o narrador. Sabendo disso, a leitura torna-se mais rica e interessante.
Com certeza, essa obra dividiu bastante minha opinião, não sei bem se gostei desse estilo narrativo, até porque demorei cerca de quatro meses para concluir a leitura, logo, não consigo recomendar A princesa prometida para alguém que nunca ouviu falar dessa história, talvez a experiência seja confusa e maçante.
Sobre a edição: a editora Intrínseca está de parabéns! O livro produzido em capa dura, com uma arte linda que remete ao filme, além de ter um mapa, páginas amareladas, uma ótima revisão gramatical e alguns textos extras é realmente maravilhoso. É uma edição perfeita para colecionadores.
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