E não, esse livro não é uma história de amor e, se você estiver em um relacionamento com alguém minimamente parecido com Heathcliff, ou Catherine, fuja para as montanhas, porque é uma cilada, Bino!
Uma das obras mais arrebatadoras e intrigantes da literatura inglesa, O morro dos ventos uivantes mostrou, com a escrita magistral de Emily Brontë, que as mulheres do período vitoriano tinham muito a dizer e por mais restritas que fossem suas vidas, quando se tem criatividade e talento, nada pode deter uma mente brilhante; e mostrou também um relacionamento tóxico e abusivo horroroso que as pessoas nos anos 2000 resgataram e romantizaram como algo fofo, socorro!
O morro dos ventos uivantes começa com a chegada de um cavalheiro à propriedade homônima, devido a uma nevasca. Lá, ele encontra o dono da casa, Heathcliff, um homem rude, arrogante e nada hospitaleiro que lhe suscita muita curiosidade, sendo esta saciada pela governanta, Nelly, nossa narradora observadora.
Passamos a acompanhar então, do ponto de vista dela, a história de amor, ódio e vingança de Heathcliff contra a família de sua suposta "amada", Catherine. Contudo, nem sempre foi assim: ao ser adotado pelo outrora proprietário de O morro dos ventos uivantes, Heathcliff prometia ter um bom futuro, após a morte de seu benfeitor, entretanto, o garoto é lançado ao descaso total e à selvageria, fomentando assim, cada vez mais, seu ódio, sendo a última gota d'agua, o casamento de sua "amada" com um vizinho rico.
Ao longo da narrativa, dividida em duas partes, Emily Brontë nos leva a um passado sombrio, cheio de ódio e manipulação por parte de Heathcliff e de Catherine, que não era nenhuma santa. Tudo isso através do olhar ambíguo de Nelly, ela mesma sempre se isentando de qualquer responsabilidade moral quanto aos absurdos que presencia, algo plausível, visto ela ser uma empregada pobre, facilmente substituível caso desagradasse aos patrões.
Muitos anos se passam e Heathcliff arquiteta um plano terrível para acabar com o futuro da família de Catherine e de seu marido também, chegando, inclusive, a seduzir a irmã mais nova do rapaz, prendê-la em um relacionamento violento e abusivo, fazer um filho nela e depois tirar-lhe a criança e criar o menino quase como um indigente, tamanho ódio ele nutria por aquela família... Minha gente, esse homem não é rancoroso, ele come o rancor dele com farinha todos os dias, isso sim!
Por causa de seu alto grau de drama e tramoias, O morro dos ventos uivantes é até hoje uma das obras mais instigantes da literatura inglesa. Se você gosta dos romances de época atuais, dê uma chance a esse clássico, tenho certeza de que ele vai alugar um triplex na sua cabeça como fez e faz com a minha toda vez que o leio, inclusive, já perdi as contas de quantas vezes li essa obra e em todas não deixo de me surpreender com o ódio de Heathcliff e com as manipulações de Catherine.
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