Lenda medieval celta de amor...
Desde a infância sempre fui uma leitora ávida, mas, naquela época, final dos anos 90, início dos 2000, ainda não havia e-books, e-readers e eu só lia o que encontrava na biblioteca da escola, ou o que a escola do meu primo solicitava como leitura obrigatória e, depois que ele lia, minha tia me dava. Foi assim que, aos doze anos, li pela primeira vez Tristão e Isolda e detestei.
Não sabia nada sobre a narrativa, contudo, aquele era o único livro "inédito" que eu tinha e estava de férias, ou seja, me empenhei muito para gostar de Tristão e Isolda e até achei o enredo interessante, pois já gostava de narrativas ambientadas no período medieval. Infelizmente, a barreira linguística foi muito pesada para a Andréa no início da adolescência e eu não conseguia entender o uso excessivo, ao longo do texto, do que depois eu viria a conhecer como mesóclise.
Muito tempo se passou até despertar em mim a vontade de reler Tristão e Isolda e qual não foi a minha surpresa ao constatar que essa narrativa é muito ágil e divertida, minha gente?! Repleta de reviravoltas e planos mirabolantes! Hoje, depois dos 30 e formada em Letras, a mesóclise não foi problema nenhum e me diverti bastante com essa obra.
Mas, afinal de contas, qual é a história de Tristão e Isolda? Basicamente, esses dois fazem parte de uma das lendas do Ciclo Arturiano, pois Tristão foi um cavaleiro da Távola Redonda. Ele era o multitalentoso sobrinho do Rei Marcos da Cornualha e um verdadeiro herói: matou um gigante, depois um dragão e quase morreu nessas duas vezes, não fosse os conhecimentos em Alquimia da rainha da Irlanda e de sua filha, Isolda, a loura, esta última considerada a mulher mais bela do mundo, chamou a atenção de Marcos e este enviou o sobrinho para pedir a mão da jovem em seu nome. Contudo, o destino gosta de pregar peças nessas lendas...
Sabendo que sua jovem e bela filha teria mesmo de casar-se com um homem bem mais velho, o qual a coitada obviamente não amava, a rainha da Irlanda, exímia alquimista e feiticeira, criou uma poção do amor capaz de fazer com que aqueles que a bebessem juntos se apaixonassem arrebatadoramente por três anos, depois desse tempo, um amor natural floresceria. Lindo. Perfeito. O único problema foi que Brangia, criada de Isolda, deu a bebida a sua senhora e a Tristão! Maldade? Não. Ela apensas foi uma agente do destino, como tantos outros, característica marcante das lendas.
A partir daí, Tristão e Isolda viverão uma paixão avassaladora, cheia de perigos, inimigos, intrigas e uma grande traição. Porém, a narrativa não os enxerga como vilões ou pessoas de mau-caráter: eles foram "vítimas" do destino, nada poderia ter sido diferente. O determinismo aqui é tão elevado que, nas primeiras linhas do texto, já sabemos que uma pessoa cujo nome é Tristão e nasceu "matando" a mãe no parto, não poderia ter um destino feliz.
Durante a leitura ficamos nessa expectativa, a cada nova aventura, novo combate, pensamos: é agora! E mesmo sabendo que Tristão e Isolda não nasceram para serem "felizes para sempre" torcemos por eles até o derradeiro fim.
Por tratar-se de uma lenda que usa e abusa dos elementos do gênero maravilhoso, a suspensão da descrença é necessária em vários trechos da narrativa, pois esta não é, nem pretende ser baseada na realidade. Seu cenário é formado pelas Ilhas Britânicas e isso é todo o realismo que encontramos em Tristão e Isolda. Sabendo disso, se você gosta do gênero fantasia e de histórias com casais "épicos" recomendo fortemente essa leitura.
Nunca li esse livro, mas pela sua resenha me deu vontade de ler...
ResponderExcluirBeijos!!
https://bel-somostaojovens.blogspot.com/
Se um dia tiver oportunidade, é uma leitura muito divertida e cheia de reviravoltas! =D
ExcluirMenina, você me traduziu bem, viu? Ri muito lembrando aqui de um livro que aconteceu algo semelhante, só que foi nacional. Comigo foi com Dom Casmurro, que odiei tanto na época da escola, que levei 2 meses para terminar uma versão resumida e ainda joguei num canto do meu quarto, onde ficou por anos esquecido (e até amassado, coitado). Anos depois, já adulta e limpando direito meu quarto (rsrs), reencontrei o exemplar e resgatei da sarjeta. Acabei relendo e foi a melhor história que li na vida. Acho que esses tipo de literatura a gente precisa de maturidade para entender algumas mensagens, como as de Shakespeare também (que é um dos meus autores favoritos da vida, por sinal). Tristão e Isolda eu ainda não li, mas tenho bastante curiosidade, ainda mais sabendo que tem trocentas reviravoltas.
ResponderExcluirBjks!
https://mundinhodahanna.com.br/
Hanna, concordo super com você! É preciso maturidade para apreciar uma leitura clássica! Também tive essa mesma experiência com Dom Casmurro! Você também teve que ler no 1º ano do Ensino Médio? kkkkkkkkkkkk
ExcluirOlá! Esse obra eu ainda não li, mas fiquei bastante curiosa depois da sua resenha. As leituras obrigatórias da escola eram complicadas, não gostava de ler algo que escolhiam por mim.
ResponderExcluirBjos!!
Moonlight Books
@moonlightbooks
Essa leitura é muito boa! Espero que goste! =D
ExcluirOi Andréa, tudo bem?
ResponderExcluirÀs vezes o problema não é o livro, mas nossa bagagem cultural, maturidade ou simplesmente timing, né? Adorei ler sua resenha sobre uma releitura que mudou totalmente de forma na sua memória!
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Sim! Você está certíssima! Por isso estou, aos poucos, relendo os livros que li na adolescência. =D
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