24 de junho de 2025
AZUL É A COR MAIS QUENTE

 



    Conheci Azul é a cor mais quente através da apelativa adaptação cinematográfica de 2013. Não gostei do filme porque achei que as meninas foram muito objetificadas, mas queria conhecer a fonte da história. Como eu sou bem marcha lenta e nesse meio tempo fui engolida pela vida adulta, acabei não correndo atrás dessa HQ. No começo do ano passado, porém, meu marido (vulgo Samu) a comprou  e pude lê-la,  no final do ano, e constatei que a história de Clementine e Emma é muito linda e delicada, e muito, muito triste.
    Em Azul é a cor mais quente acompanhamos Clementine, uma adolescente de 16 anos e Emma, uma jovem universitária; a menina não entende os sentimentos que tem pela garota mais velha de vibrantes cabelos azuis e isso a atormenta muito, até porque seus pais são bem conservadores, além disso, Clem é bem tímida e reservada, começa a sair com um garoto e percebe não sentir por ele o que uma garota hétero sente por um cara quando está afim dele, já quando pensa em Emma... É avassalador. 
    Ao longo dos anos a amizade das duas  vai se desenvolvendo, mas além de Clem ter pais homofóbicos  e sentir na pele esse preconceito na escola só porque o pessoal sabe de sua amizade com Emma, uma garota abertamente lésbica, ainda tem o fato desta última estar em um relacionamento abusivo (de ambas as partes, que fique claro) com Sabine, há muitos anos. Emma também se apaixonou por Clem desde a primeira vez em que se viram, contudo, ela se sente presa à Sabine por causa de um sentimento equívoco de gratidão e, mesmo já tendo sido traída pela mesma, é difícil terminar essa relação. 
    Com o tempo, Clem e Emma se acertam, entretanto, isso não vem sem um preço: já falei acima que os pais da protagonista são homofóbicos, né... pois bem, eles não vão aceitar nem um pouco que sua única filha se relacione com outra mulher... e isso vai gerar em Clementine uma tristeza profunda. O preconceito contra a comunidade LGBTQIAP+ torna a vida de Clem muito, muito difícil, e acaba, ao longo dos anos,  eclipsando de alguma forma a felicidade que ela sentia por estar com a pessoa que amava, Emma. É desolador ver como a rejeição dos pais machuca a jovem demais, ao ponto de, na vida adulta, ela continuar com essa ferida aberta. 
    Azul é a cor mais quente, infelizmente, é bem curtinha e pode ser lida em uma tarde, mas não se engane, você vai carregar essa leitura por um bom tempo e vai terminá-la com uma melancolia incomoda, um incômodo genuíno de quem gostaria que essa história de amor não tivesse um ponto final.

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