15 de outubro de 2018
Macário e Noite na Taverna...

... Ultrarromantismo não é para mim, gente!

 

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     Até poucos dias atrás eu nunca lera Macário, de Álvares de Azevedo. Já tinha lido Noite na Taverna, mas reli por causa do trabalho, pois estou analisando o Ultrarromantismo com meus alunos do 1º ano. Na moral, não gostei nem um pouco de ambas as obras e vou explicar o porquê. 

    Eu sei, está maçante essa coisa de eu só escrever críticas negativas sobre as últimas leituras, contudo vou fazer o que se não gostei? Mentir é que não. Logo, vamos conversar mais uma vez sobre uma experiência frustrada de leitura. 
Pois bem, interessei-me por Macário apenas por ser ele um dos primeiros livros de nossa literatura a retratar uma personagem encarando o Diabo e vivenciando algumas situações ao lado dele. Já digo de antemão que aqui não há pacto fáustico nenhum, nem mesmo grandes viagens pelo tempo e espaço, ou mesmo a figura demoníaca incitando o pior do protagonista Macário. Chato e mau-caráter esse cara já é, e até o Diabo se surpreende com isso!
Esse livro trata-se de um texto teatral, certo, porém, os diálogos pretensiosamente filosóficos entre o personagem-título e o demônio não chegam a lugar algum, ademais o fato deles só falarem do corpo feminino de forma objetificada e de virgindade O TEMPO TODO e de como mulheres virgens "servem" para alguma coisa, enquanto as sexualmente ativas são "ralé" é bem enfurecedor e maçante! Entendo que esse livro foi escrito no século XIX, outros tempos e blá, blá, bá, entretanto isso não tira o nojo e o ranço que dá ler esses diálogos, e preciso avisá-los: para mim, ranços são eternos! 
Algo interessante, pelo menos, é o fato de, possivelmente, Noite na Taverna ser uma continuação de Macário, pois a peça termina com o Diabo levando o jovem até a janela de uma taverna na qual está prestes a ouvir histórias das mais absurdas ações humanas e é exatamente isso que lemos nas paginas de Noite na Taverna
Dividida em sete capítulos, essa novela possui cinco contos em sua estrutura interna, cada um intitulado com o nome de seu narrador, um dos cinco amigos boêmios: Solfieri, Bertram, Gennaro, Cladius Herman e Johann. Todas as narrativas mostram a boemia e o mau caratismo de seus protagonistas, além de, para atiçar sua curiosidade, episódios de necrofilia, assassinato, suicídio, antropofagia, adultério e muito mais! Contando também, é claro, com aquela famigerada objetificação da mulher, 'mores... Isso não poderia faltar em um livro romântico! 
As mulheres retratadas nos contos ou são puras  e totalmente sem ação e a mercê da vontade desses homens, que ao corromperem-nas deixam como única "solução" para seus problemas a morte; ou são mulheres de ação, porém devassas e muito más. 
Enfim, já deu para sentir que o Ultrarromantismo e eu não nos damos nada bem e, sinceramente, pretendo abordar de forma bem crítica as aulas sobre esses livros. Como a esperança é a última que morre, espero que as próximas leituras sejam melhores...


8 comentários:

  1. Por ser um texto teatral, honestamente os dialogo por algumas vias acabam não tento muita coerência, menina eu sempre achei que Moulire era assim (continuo achando), então o texto de Alvares de Azevedo não fica para trás.
    Olha para tirar sua dúvida, Macário tem uma continuação ok. Estudei isso na faculdade que lembro (embora não tenha lido), então acredito que este livro seja ele de fato.

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  2. Menina, Alvares de Azevedo! Li "Noite na Taverna" há séculos na escola e nem lembro mais! rs
    Macário não li, mas se tivesse paciência eu leria todos AQUELES que eram obrigatórios na minha época pra fazer uma analogia com as literaturas atuais, visto pelo que você conta de como a mulher era retratada seria legal ver o que mudou, o quanto mudou ou se só maquiaram a situação da mulher durante os anos.
    Eu espero que suas próximas leituras sejam mais prazerosas rs


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    1. Esse é um projeto que estou fazendo com meus alunos! Espero que dê certo =)

      Obrigada!

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  3. Oi Andrea,

    Primeiramente, acho muito bacana você expor quando uma obra não lhe agrada, sinceridade é tudo. Quanto a Macário, apenas pela sua resenha já fiquei com a certeza de que não gostaria. Se essa relação entre o diabo e o personagem não foi bem feita, e eles apenas objetificaram as mulheres, já quero passar longe.
    As mulheres sendo retratadas como submissas também não é algo que me agrada. Muito bacana você abordar este seu lado crítico com seus alunos.

    Beijos!

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    1. Também prezo muito a sinceridade. Já li várias "bombas" por causa de opiniões controversas ou maquiadas de outrem...
      Infelizmente, esses livros são muito datados... Mas, valeu a pena pela avaliação crítica da sociedade =)

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  4. Olá!
    Das duas obras eu só conhecia Noite na Taverna e lembro muito dessa história porque minha professora lia um pouco em cada aula dela. Assim como você eu também não gostei e achei a trama aterrorizante.
    Bjs.

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