24 de agosto de 2018
Duas Narrativas Fantásticas - Fiódor Dostoiévski


Finalmente, chegou o dia no qual escrevei sobre minhas impressões de leitura acerca de uma obra de Fiódor Dostoiévski =O Há muitos anos atrás, lá no primeiro ano da faculdade, tentei ler um livro desse autor, no caso, Os Irmãos Karamázov, e abandonei. Acho que não passei das primeiras dez paginas. Depois disso fiquei com um certo receio de ler suas obras, contudo, a curiosidade sempre esteve aqui, por isso resolvi dar mais uma chance a Dostoiévski, agora com um livro aparentemente menos denso. 
Segundo o próprio autor, Duas Narrativas Fantásticas não traz o elemento fantástico como algo místico, ou sobrenatural no sentido de ter elementos mágicos, mas sim sobrenatural e fantástico no sentido de fora do comum, além da própria estrutura narrativa que faz com que a gente sinta o narrador conversando conosco. 
Na primeira narrativa, A Dócil, deparamo-nos com um marido tentando entender o recente suicídio da esposa. Ao longo da história, ele nos conta como conheceu a moça e, de modo bem egoísta, como a via e a tratava. Sério, a impressão é de que ele é um cara MUITO egocêntrico e queria que a esposa o idolatrasse, mesmo ele não demonstrando quase nenhum afeto por ela... Nas entrelinhas, vemos o quão sufocante era a sociedade oitocentista, afinal, uma jovem de dezesseis anos casando-se com um homem de mais de quarenta? E isso não por amor, e sim para não ser VENDIDA pelas tias para um crápula... Tendo esse cenário, dá para entender o ato extremo da jovem... Outro ponto interessante nessa novela é a forma como o narrador fala conosco, como se fossemos parte de um júri e ele estivesse tentando nos convencer de sua total inocência diante da morte da jovem e bela esposa. 
A segunda narrativa, O Sonho de um Homem Ridículo, também narrada em primeira pessoa, traz a história de um homem que sempre foi tido como "ridículo" (não sabemos exatamente o porquê), mas o sentimento de não pertencimento a sociedade era tanto que ele decidiu suicidar-se. Antes disso, porém, ele tem um sonho e a partir dele surge uma epifania que o faz mudar tudo em sua vida e de ridículo, passa a ser tratado como louco. 
Confesso ter gostado muito mais da primeira do que da segunda narrativa. Ambas trazem críticas bem contundentes à sociedade da época, algo que todos sabemos que eu adoro muito mesmo, logo, posso dizer ter tido, dessa vez, uma boa experiência de leitura com uma obra de Dostoiévski. Vou tentar me aventurar em outras histórias dele. 

E ai gostaram das premissas dessas narrativas? Já leram algo do autor? Digam nos comentários =)

4 comentários:

  1. Ainda quero ler algum livro do Dostoiévski. Gostei da dica, vou colocar na minha lista de desejos =D

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    1. Recomendo esse livro! Também quero ler os romances dele, mas preciso estar no tempo certo, porque na primeira vez flopou =/

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  2. pela sua narrativa a grande semelhança com SÃO BERNADO ..vc já leu? tenho
    notado depois de ler vários autores, e literaturas diversas, temas que
    parecem ter sido copiados, em até mesmo roteiros de filmes e falas em teatro
    já se deu com isso em alguma obra, sem que o autor faça a menção ??

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    1. Já li sim São Bernardo! =)
      Não acho que seja cópia, mas sim inspirações. No caso, a Linguística, mais especificamente, o Dialogismo e a Intertextualidade explicam que nenhum texto é 100% original. Toda vez que nos expressamos através da linguagem acabamos por colocar em nossa obra um pouco de outras obras que apreciamos ao longo da vida. =)

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