Há exatamente dez anos atrás eu tive contato pela primeira vez com a literatura machadiana e apaixonei-me. Depois desse primeiro encontro, li todos os outros textos do autor e outros exemplares do Realismo europeu. A nostalgia me fez sentir a necessidade de uma releitura nessa fase adulta da vida e é a respeito dela que falaremos hoje.
Quincas Borba é o título deste romance tão adorado por mim na adolescência. A história acontece no final do século XIX e gira em torno de Pedro Rubião, um jovem e medíocre professor de Barbacena, cidadezinha mineira bem pacata, mas com um morador ilustre (só que não): o "filósofo" Quincas Borba, nosso conhecido de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Rubião é seu amigo e o ajuda em tudo mesmo recebendo várias caçoadas dos vizinhos, pois visa receber, quem sabe, uma parte da herança quando o amigo morrer. Nota-se ser essa personagem muito mesquinha e interesseira, sem nenhuma grande perspectiva de vida.
O "filósofo" tem um cachorro homônimo e adora dissertar a respeito de sua filosofia, o "Humanitismo" (versão satírica de Machado para a Seleção Natural de Darwin e o Cientificismo), na qual explica a normalidade da morte, pois esta sempre beneficia a alguém, sendo o morto, um fraco e os vivos, os sobreviventes; e coroa seu pensamento com a frase célebre "Ao vencedor as batatas!" Algumas semanas depois ele morre e deixa, para surpresa geral, toda a sua fortuna para Rubião, desde que ele nunca se separe do cachorro Quincas Borba. A teoria estava confirmada, certo?
Nosso protagonista em posse da herança esquece-se de todo aprendizado e muda-se com o cachorro para a corte, ou seja, o Rio de Janeiro. No caminho, ele conhece o casal Palha, composto por Cristiano, um homem muito ambicioso, e Sofia, uma mulher belíssima e alvo de muitos olhares. Ao chegarem ao Rio, eles decidem ajudar nosso matuto a se adaptar a vida na Corte: gastando muito dinheiro à toa e travando amizades frívolas e interesseiras, incluindo nisso o casal supracitado.
Logo no começo dessa "amizade", Rubião declara seu amor a Sofia e é mais ou menos rechaçado, porque tanto ela quanto o marido são muito vaidosos e gostam de encorajar a admiração de todos pela beleza da moça e também o amor de Rubião por ela que lhe garante muitos presentes caros... Eles adoram "joguinhos", o que para a maioria ao redor deles é bem comum, mas para o nosso matuto, pode ser o catalisador de grandes problemas...
Além desse enredo principal, conhecemos também o cotidiano de várias outras personagens. A mais cativante, para mim, foi Fernanda, única criatura "sã"dessa história, mulher altruísta e sempre pronta a ajudar pelo prazer de ver as pessoas bem, e não para inflar seu ego (indo contra as teorias do Humanitismo). Vemos também um retrato fiel da vida no século XIX, afinal, o autor viveu nesse período, ou seja, o modo como as mulheres eram vistas e viviam nessa sociedade é bem estranho e carregado de um machismo latente e de uma ociosidade mórbida bem revoltante.
Esse é o exemplar do Realismo Machadiano mais linear de todos. Ele nos entrega uma narrativa sem digressões, com começo, meio e fim e com pouquíssimas intervenções do narrador, permitindo-nos uma imersão maior com a história e personagens. Felizmente, Quincas Borba sobreviveu a releitura e continua sendo meu livro favorito de Machado e o recomendo a todos que queiram conhecer esse autor
Um clássico que merece ser lido e relido, muito bom mesmo.
ResponderExcluirVerdade =)
ExcluirUma obra-prima de nossa literatura. Também já li e reli Quincas Borba, é um livro que merece ser apreciado sempre, em todas as épocas.
ResponderExcluirVerdade! É meu favorito do Machado =)
ExcluirLembro de ser obrigada a ler esse livro no colégio...mal sabia o professor que eu adorava ler. ahuahauhaau
ResponderExcluirNossa! O único livro que fui "obrigada" a ler na escola foi Dom Casmurro hahaha
ExcluirEu li Quincas Borba há alguns anos atrás quando eu estava no segundo grau, mas meu livro preferido do autor é Dom Casmurro.
ResponderExcluirPreciso reler Dom Casmurro. Li na época da escola também '-'
ExcluirTaí um livro que ainda não tenho coragem de reler. Esse tipo de obra me traumatizou no colégio, Memórias Póstumas de Bras Cubas foi o único que gostei, o resto... Um dia tomarei coragem para tentar lê-los novamente =D
ResponderExcluirToca da Lebre
Sério, Nanda?? Que pena!! Pois de todos os romances de Machado, Quincas Borba eu acho o mais divertido e "leve"
ExcluirEspero que um dia releia =D
nossa esse livro não li. mas amoo livros escritos por Machado de Assis
ResponderExcluirPois leia, é muito legal =D
ExcluirOi Andrea!!
ResponderExcluirO único livro que li Machado de Assis foi Dom Casmurro e passei foi raiva com aquele Bentinho rs
Ótima resenha!!
Bjs
https://almde50tons.wordpress.com/
Hahahahahaha dei risada aqui lendo seu comentário =D
ExcluirEu amo clássicos, quando eu puder vou ler esse livro.
ResponderExcluirEbaaaa! Leia sim!! Você vai adorar!! =D
Excluirum dos meus favoritos do machado
ResponderExcluirMeu favorito dele <3
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