Não é de hoje que eu tento com Eça de Queirós... Minha primeira incursão por sua narrativa foi há seis anos atrás quando li A Relíquia e abandonei na metade. Só fui lê-lo de novo em 2015 com A Cidade e As Serras, chato, porém, concluído e no ano passado li alguns de seus contos que foram bem mais aprazíveis e O primo Basílio, que me desanimou de novo, mas eu sou brasileira e não desisto nunca! Por isso reuni outros títulos que já tinha do autor e os inclui em minha TBR desse ano.
Pois bem, começamos com o romance mais polêmico de Eça e até agora o mais interessante e menos enfadonho para mim. O livro narra com uma crítica severa e nada sutil o modo como o clero era visto pela sociedade intelectual da época.
Amaro, nosso protagonista e anti-herói, era desde a infância uma pessoa sonsa e sem vontade própria, torna-se padre por imposição de uma bem feitora, mas não compreende aqueles com verdadeira vocação, nem os que querem prestígio. Decide pedir a seus bens feitores uma mudança de paróquia porque estava enfastiado da cidadezinha pequena e sem o luxo e conforto que o seduziam, quando criança, na vida dos sacerdotes.
Na nova paróquia, na cidade de Leiria, ele tem contato com toda a podridão da Igreja e como já era uma pessoa naturalmente ambígua e mutável, mutabilidade essa pendente para tudo o que fosse mais "fácil"... Amaro passa a esquecer vários dogmas de sua religião e comete o grande crime eclesiástico: seduz uma moça solteira e torna-se amante da mesma em todos os sentidos da palavra...
É preciso que fique claro o fato de que Amaro, antes de chegar a nova paróquia, jamais tinha feito nada de "errado", mas não o fazia porque suas ações eram todas mecânicas, a partir do momento que ele tem contato com o mau clero, essas atitudes reprimíveis também tornam-se mecânicas e naturais.
Aqui, mais do que em O primo Basílio vemos o quanto o autor detestava as imposições da Igreja e seus sacerdotes corruptos, mas ele não é tendencioso e há representantes da classe que realmente têm como objetivo de vida "salvar" e confortar as almas humanas.
Essa foi uma leitura difícil (não por ser chata, mas sim por causa das ações das personagens) e me fez ter uma pequena crise existencial, pois o modo como Amaro trata sua amante e como ele age diante de todas as desgraças que se abatem sobre a moça por causa dele é monstruoso e perturbador.
Para aqueles que não suportam injustiças... Não recomendo essa leitura, ela vai impactá-los bastante, para os que não se abatem facilmente, leiam e reflitam.
Oiiii Andrea tudo bem?
ResponderExcluirEu tenho tanta vontade de ler esse livrinho que você nem imagina, Eça de certa maneira fez parte muito da minha vida e sei que seria uma ótima pedida, ótima resenha e indicação.
Beijinhos
Olá,
ResponderExcluirConfesso que sempre corri de leituras clássicas e até hoje não consigo ler livros do gêneros, é como se houve um bloqueio em mim, pois sempre abandono as leituras. Já ouvi falar bastante nesse autor, porém nunca senti interessa em ler algo dele, achei bem interessante seu ponto de vista sobre a obra, me deu noção do que posso vir a encontrar nesse livro.
Beijos,
entreoculoselivros.blogspot.com
Eu devo ter lido isso há uns quinze anos atrás, e olha, passei muita raiva com o Amaro. Não gosto muito dos livros do Eça, acho que não são para mim.
ResponderExcluirBeijos
Mari
www.pequenosretalhos.com
Olá! Li o livro durante o ensino médio, era uma das obras favoritas na época nas listas obrigatórias das universidades, e a primeira leitura me deixou chocada e abatida por um tempo. Mas gosto dos escritores da época, sinto que eles eram mais corajosos em abordar alguns dogmas sociais do que na atualidade. Parabéns pela resenha, ainda que não tenha apreciado completamente, conseguiu transmitir o essencial dessa obra. Bjoooo
ResponderExcluirJá abandonei essa leitura uma vez e acho que ainda não estou convencida de que dessa vez conseguirei finalizá-la. É uma leitura bem densa e estou em outra vibe. Que bom que vc conseguiu!
ResponderExcluirbjs
www.livrosdabeta.blogspot.com.br
Não li este ainda. Lembro de ter tentado há muitos anos atrás, mas acabei trocando por outro e não voltei. Que bom que gostou.
ResponderExcluirBjs Rose
Olá, tudo bem? Ai meu socorro não gosto de injustiça MESMO, ainda mais com mulheres. Nunca li nada do autor, mas pelo que eu to vendo, parece que todos tendem a ter uma mesma "pegada". Guerreira mesmo e não desiste nunca haha Ótima resenha.
ResponderExcluirBeijos,
https://diariasleituras.blogspot.com
OOi!
ResponderExcluirA premissa até parece interessante, mas vai bem além da minha zona de conforto. Acho que seria uma leitura um pouco difícil por esse e pelos motivos que também fizeram ser pra você. Dessa vez, passo a dica. :) Ótima resenha!
eu li esse livro, tinha dezoito anos, faz bastante tempo, nem recordava mais. olha, fico profundamente feliz quando visito um blog e ele traz algo que é literatura, para além de livro comercial, é animador ler a resenha, neste caso, relembrar do livro, quem sabe, reler. Parabéns e obrigada por me proporcionar essa leitura.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirNão li esse livro ainda e não sei se leria.
A premissa não me é muito motivadora, mas confesso que alguns pontos de sua resenha me deixaram curiosa. Quem sabe mais na frente não é? Parabéns pela leitura, amei a resenha
Beijos
oie,
ResponderExcluirGostei de ver sua persistência para com o autor. Queria ter a metade dela pra outras coisas na minha vida. De fato uma leitura ruim, para mim é tempo perdido que eu poderia estar lendo algo que realmente me agrada. Minha dica é continuar procurando outros livros, de outros autores e cm enredos parecidos, quem sabe você encontra algum do seu agrado? Literatura Brasileira é ótima, basta saber onde procurar.
Beijos
Blog Relicário de Papel
Amo resenha dos clássicos (e esquecidos)! Ainda não li esse livro, embora já soubesse da temática. Creio que eu gostaria da leitura, embora meu lado justiceira vá gritar. Gostei muito do modo como expôs sua opinião.
ResponderExcluirBjsss
Oi, Andrea :)
ResponderExcluirTenho uma seria dificuldade com livros clássicos nacionais, amo os modernos, mas os antigos me trazem uma lerdeza sem tamanha que fica difícil avançar nas leituras. Fora alguns enredos que para nós, atualmente, é tão banal mas que para a época em que foi escrito era um escândalo ou revolucionário.
O CRIME DO PADRE AMARO tá na minha lista futura dos clássicos BR para ler, mas mais pela polêmica dele do que o enredo em si que vim descobrir do que se tratava somente agora lendo a sua resenha, Andrea. ashsauhas
Com certeza antipatizarei com o Amaro de cara!!!
Parabéns por ter tido punho firme e ter conseguido concluir a leitura da obra!
Abraços.
Oi Andrea, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirEu vi o filme e fiquei chocada, como você não gostei das atitudes dele e nem do final. Por isso nunca quis ler o livro, fiquei me sentindo mal sabe com essa história. Gostei muito da sinceridade da sua resenha, ficou ótima!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/