Sinceramente, eu não me lembro bem, mas creio que aconteceu num sábado, após uma semana de tédio acima da média. Não queria que meu dia passasse tão estragado quanto os anteriores, portanto tomei a decisão: eu iria ao cinema. Os filmes em cartaz quase me causaram uma crise existencial — sim, eu sou bastante chato para filmes — e pouco me interessou quando vi o poster de Life of Pi na parede do shopping. Escolhi aquele por parecer o menos pior. Ser um chato, beirando o ranzinza, é uma característica favorável, pois às vezes me traz boas surpresas. Foi o que aconteceu naquele sábado: eu me surpreendi bastante com os absurdos daquele enredo.
Chegando em casa, decidi
pesquisar. O longa me levou ao livro de Yann Martel e este me levou
ao escândalo do plágio de 2003 (detalhes mais abaixo), e assim eu
soube da existência da obra do autor brasileiro Moacyr Scliar,
chamada Max e
os Felinos.
Apesar do interesse imediato, eu não fui atrás do texto de Scliar.
Demorei cinco anos. Pois é! Cinco anos mais tarde, estávamos eu e a Andréa viajando dentro de uma livraria e, então, num átimo de
impulso pisciano, ela decidiu me presentear com um exemplar bastante
simpático. Assim, finalmente, tive contato com este livrinho
apaixonante.
Max e os Felinos
é uma pequena novela — tão curta quanto A
Metamorfose,
de Franz Kafka, publicada pela primeira vez em 1981, a princípio não
chegou a ser um best-seller, todavia, com a passar dos anos, foi
traduzido para o inglês em 1990 e para o francês um ano depois. No
Brasil, a edição mais recente do livro faz parte da Coleção
Pocket, da L&PM Editores, lançada em 2015. A capa foi ilustrada
por Edgar Vasques, autor conhecido pela série de cartoons Rango,
e retrata a cena mais conhecida do livro, em que Max se encontra à
deriva num escaler com o temível jaguar.
Vamos agora a uma breve
sinopse. Como o próprio título da novela já sugere, Max Schmidt é
o protagonista, nascido em Berlim, no ano de 1912. Filho de Hans
Schmidt, um peleteiro dono de loja especializada em produtos à base
de pele, Max passa sua infância sozinho no depósito alocado aos
fundos do estabelecimento. Influenciado pela mãe, o jovem menino
passa o tempo livre lendo Andersen, Grimm, Goethe, Schiller.
O tempo passa e com dezenove
anos Max faz faculdade e envolve-se com Frida, uma mulher casada,
cujo marido é simpatizante de um movimento político em crescimento
por toda a Alemanha: estamos falando do Nazismo (note que, neste
momento, a narrativa se passa em Berlim, no início da década de
1930). Ao descobrir o adultério cometido por Frida, o marido
denuncia Max para as autoridades nazistas, acusando-o de estar
mancomunado com o Partido Comunista, seus opositores.
Sem ter outras opções, e
ajudado pela amante, nosso protagonista foge da Alemanha, rumando
para o Brasil, contudo, há um naufrágio misterioso. Max sobrevive
graças a um singelo escaler, contudo é obrigado a conviver por
vários e vários dias com o jaguar. Obviamente a história não para
por aqui. Estamos apenas no início da narrativa e, para descobrir
como Max sai da enrascada, como ele se resolve no Brasil e, por fim,
qual é o desfecho desta história, eu recomendo fortemente a leitura
da novela.
Para não tornar meu texto um
naufrágio interminável, gostaria de finalizar comentando mais um
pouco sobre a nova edição de Max
e os Felinos,
editada pela L&PM. Não se trata de um livro extremamente bonito,
pelo contrário, graficamente é bem normal. A diagramação é
aquela típica dos livros de bolso, ou seja, confortável na medida
do possível. Por incrível que pareça, não encontrei nenhum erro
gramatical ou ortográfico, no quesito revisão a editora caprichou.
Algo que me incomodou um pouco
foi o fato de o texto da contracapa não fazer nenhuma menção ao
enredo, mas limitar-se, de maneira bastante prolixa, na questão do
escândalo entre Moacyr Scliar e Yann Martel. A edição conta com um
texto introdutório escrito pelo próprio Scliar contando em detalhes
a versão dele do caso.
Em suma, Max
e os Felinos
me marcou a ponto de eu incluí-lo entre meus livros favoritos.
Agradeço muitíssimo a Andréa pelo maravilhoso presente e aconselho
àqueles que se interessarem pela obra, que leiam Max
e os Felinos
com um copo de café (ou achocolatado) e um felino ao lado.
Por Samuel de Andrade
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia essas obras que mencionou e fiquei com muita vontade de conhecer mais de Max e os Felinos. Principalmente por tê-lo classificado como favorito, acho que merece ser lido pelos temas abordados, e vendo a capa jamais imaginaria sobre a intensidade que a narrativa aborda.
Outra coisa que me chamou atenção foi que por ser Pocket por suas palavras não perde em nada pra uma edição comum.
Vou procurar pra comprar!
Beijos!
Camila de Moraes
Oi, Camila! Adorei essa leitura. Os Pockets da L&PM não costumam decepcionar.
ExcluirUm abraço!
Eu vi o filme As Aventuras de Pi e gostei muito, aí fui pesquisar e descobri esse plágio também. Fiquei super interessada em ler o livro mas ainda não tive a oportunidade. Gostei bastante de ver uma resenha sobre ele, ainda não tinha lido nenhuma.
ResponderExcluirOi, Beatriz!
ExcluirAchei o filme de As Aventuras de Pi muito bom, principalmente pelos efeitos especiais e tudo. No livro do Moacyr, a gente não encontra os efeitos 3D de luzes e tal, claro, mas gostei bastante por ser pautado no contexto da Segunda Guerra Mundial. Vale muito a leitura"
olá *-*
ResponderExcluirainda não conhecia, fiquei super curiosa a capa lembra aqueles livros que encontramos na biblioteca da escola. Darei uma bela pesquisada sobre ele e quem sabe não compre pra conhecer.
Bjss
Oi, Sara!
ExcluirÉ verdade! hahahaha Essa capa não é muito convidativa, acho. Pelo menos eu não daria nada pelo livro, se não já tivesse conhecido outros textos do Scliar. Super recomendo o Max.
Um abraço!
Eu não me interessei em ver As Aventuras de Pi, isso até hoje, apesar das maravilhas que falam dele. Demorou 5 anos, mas pelo visto valeu a pena, e a meu ver é o que importa. Quem dera todas asidas a uma livraria resultassem em leituras tão boas.
ResponderExcluirBjs
Olá! =D
ExcluirSim, valeu muito a pena. Uma ficção bastante interessante, recomendo muito.
Um abraço!
Olá, já tinha ouvido diversos comentários a respeito dessa obra ainda mais por toda a repercussão quando lançaram a adaptação 'As aventuras de Pi'. Quero conferir a obra, mas confesso que o livro 'A vida de Pi' não tenho a mínima vontade de ler, sempre encontro em promoções nas livrarias, mas me recuso a comprar, não curti o filme, desculpe! Os efeitos e fotografia são incríveis, mas a história em si, não gostei.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar sobre essa obra, mas gostei dos seus comentários.
Vou colocar na minha lista ☺️
Beijos
Olá,
ResponderExcluirSua resenha está bem detalhada sobre a história e ainda assim sem revelar demais.
Você acredita que assim que pus meu olho nessa capa eu pensei em as aventuras de pi? Não sabia dessa treta. Enfim, esse livro não faz muito meu gênero, mas para que curte é uma excelente dica.
Oi, Samuel!
ResponderExcluirConfesso que não sabia que "As aventuras de Pi" surgiu de um livro, aliás, estou para ver o filme faz tempo, kkk.
Acho que vou aproveitar e procurar por essa obra mesmo, pois sua resenha me deixou mega curiosa.
Olá! Muito boa sua resenha, vou anotar a indicação.
ResponderExcluirEspero ter a oportunidade de ler esse livro também.
super bjoooooo
Samuel, já tinha visto falar do livro, mas não com esse nome.
ResponderExcluirQue bom que não houve problemas de revisão, uma pena o texto da parte de trás não falar nada sobre a obra.
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirNão gostei de As Aventuras de Pi, tanto que abandonei o filme em certa parte, ainda bem que nem foi no cinema, e não sabia dessa questão do plágio. Agora estou pensando em que mundo eu estava hahah!
Bjs