Que eu sou grande fã de romances distópicos, isso não é nenhum segredo... Na verdade, acho que já até falei a respeito disso em alguma tag, ou em alguma postagem de distopia... Enfim, esse é um dos meus gêneros favoritos e o conheci através do meu amigo Luiz (que está estudando Letras lá na USP e nunca mais vi) porque ele me apresentou 1984 (estou devendo uma releitura...) e até hoje é o preferido desse meu amigo, tanto é que no início do ano passado ele começou a ler Admirável Mundo Novo e desistiu por dizer que era chato e que distopia mesmo só escrita por George Orwell... Luiz, meu caro, desculpe, mas tenho que discordar!
Admirável Mundo Novo é, de certa forma, extremamente admirável, princiaplemente, por causa da escrita primorosa do autor e de toda a cultura criada por ele que conseguiu, em 1932, prenunciar uma série de questões inerentes aos dias de hoje. Não sei se Aldous Huxley era uma espécie de Nostradamus contemporâneo, ou, se como eu e as telenovelas, acabou analisando o mundo de sua época e traçou um perfil não muito amigável de como ele poderia mudar..
Nessa narrativa, primeiramente, veremos o panorama de uma nova sociedade. Os anos, agora, são contados pelo nome de Ford, sim, esse Ford que você estudou em Geopolítica, o que criou o Fordismo... Mas, se você não conhece... O Fordismo nada mais é do que o início das produções em massa, da troca de produtos manufaturados pelos industrializados, fábricas, indústrias, máquinas... Em suma, é isso. Pois é, a sociedade humana desse livro decidiu trazer todos os conceitos fordistas para a biologia e estruturação social, fazendo a produção em massa de seres humanos e os condicionando a serem exatamente o que a sociedade quer que eles sejam de maneira feliz e contente, sem revoluções ou desavenças...
[...] "O processo Bokanovsky é um dos máximo instrumentos da estabilidade social [...] Todo o pessoal de uma pequena fábrica constituído de um único ovo bakanovskizado. Noventa e seis gêmeos idênticos fazendo trabalhar noventa e seis máquinas idênticas!" [...] p 20.
E não para por ai... Nesse mundo, os seres humanos são divididos em castas e desde sua concepção -laboratorial- porque conceitos como família, amor, paixão, maternidade e paternidade foram completamente abolidos e são repudiados por todos - recebem estímulos para abraçar sua condição e estranhar às de outras pessoas e viver apenas restrito ao seu próprio meio, sem curiosidade ou vontade de mudar.
[...] "o segredo da felicidade e da virtude: gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciarem o destino social a que não podem escapar." [...] p 31.
Como não poderia deixar de ser, é óbvio que há nesse meio, alguns indivíduos que destoam da formação unificada e são eles que acopanharemos ao londo da leitura. Bernard é um Alfa-Mais, categoria mais alta de todas e por causa disso sobre por não ter o físico inerente a esta, por algum motivo que ninguém sabe, ele se assemelha a um Gama - casta bem inferior, e é motivo de riso e desconfiança de todos, o que o faz sentir-se excluído e fora da normalidade. Lenina é uma Beta-Mais que não gosta muito de ter vários parceiros e tem a estranha e absurda tendência à monogamia... É outra que os amigos supervisionam e acham um pouco estranha...
Essas duas personagens acabam por fazer uma viagem juntas à reserva dos "Selvagens", pessoas que ainda vivem mais ou menos como uma mistura de indígenas e nossa sociedade atual. Lá, eles encontram John, rapaz que por algum motivo que não direi, deveria fazer parte do admirável mundo novo, mas viveu muito tempo entre os indígenas... Ao chegar à "civilização" o Sr. Selvagem acaba por questionar uma série de comportamentos tidos como "normais" e a apresentar outros que não são entendidos pelos outros o que o faz também sentir-se fora dos padrões e completamente perdido... E quando as pessoas ficam perdidas e sozinhas, elas acabam fazendo coisas não muito inteligentes e até mesmo perigosas...
Enfim, essa foi uma leitura extremamente proveitosa e repleta de anotações e descobertas. Àqueles que, como eu, amam distopias vão adorar conhecer essa nova formação e todos os conceitos, estudos e referências ao nosso não tão admirável velho mundo... Vale muito a pena e vai fazê-los rever uma série de aspectos de suas próprias vidas! ^^
Ps: Para aqueles que já leram, vamos discutir, pois esse livro é tão recheado de referências que seria uma blasfêmia não falarmos delas!
Que amor esse layout novo! Ameeeeei. Maravilhoso. Como esse livro e a resenha. Confesso que quando tentei ler Brave New World pela primeira vez eu meio que desisti haha Aí li o 1984 e amei para todo o sempre e resolvi que tinha que ler todas as distopias da biblioteca. Caí com o Huxley de novo e valeu a pena avançar na leitura, é bom demais.
ResponderExcluirNo momento tô lendo Neuromancer, outra distopia famosa, mas bem diferente dos dois, orwell e Huxley. Vamos ver se rola um amor por ele também.
Obrigada, Bel!! *____* Você que é maravilhosa, adoro suas dicas!!
ExcluirEu entendo que a primeira parte, com todas aquelas explicações biológicas, pode ser um pouco chata, mas vale a pena! Também quero muito ler Neuromancer! Tô namorando a trilogia Sprawl há tempos! ^^
Bjss
Eu to no chão com esse lay novo *-* que liiiiindo!!!! Ficou a sua cara flor, amei!
ResponderExcluirBem, eu não sou muito fã de Distopias... Mas gostei muito da resenha e tive vontade de me arriscar na leitura. Pelo jeito, tem muitas partes que fazem a gente pensar sobre a vida né? Gostei!
Nuvem de Novembro
Obrigada, Isa!! *___* Também amei!!
ExcluirSério, você vai gostar... Ou, as vezes, vai ficar bem revoltada com o final... rsrsrs
Olha, esse livro é uma lição de vida!
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu li esse livro emprestado do meu irmão, porque já queria há muito tempo ler alguma distopia clássica, não sei por que não tenho vontade de ler Orwell (blasfêmia, kkkk), então resolvi ler esse. Achei o livro muito bom, com inúmeras reflexões e referências da sociedade atual que, como você disse não parece ter sido escrito há quase um século e sim recentemente.
É fácil ver também que o autor não precisou esperar 600 anos para ver muito de sua obra se concretizar.
Gostei muito do começo do livro, mas não gostei muito depois que o Selvagem apareceu. Gostei que ele trouxe à tona as diferenças entre os selvagens e a civilização, mas achei que depois do meio do livro a trama ficou um pouco chata, mas mesmo assim o livro é incrível.
Tem uma coisa que eu nunca consegui entender: a Lenina é uma Beta, mas ela usa verde, as cores dos Gamas, você sabe o porquê? Eu não consegui achar o motivo.
Gostei muito da resenha, Abraços!
- Ricardo, Lapso de Leitura
Oi, Ricardo! Precisa ler 1984, sério! kkkkkkkk
ExcluirConfesso que também achei a parte do selvagem bem arrastada e percebi que várias outras personagens interessantes foram deixadas de lado por isso... Não gostei... Quanto à Lenina, é engraçado ela usar verde, acho que é porque trabalha no centro médico e, geralmente, o verde é associado à saúde, mas há um momento, antes dela e de Bernard irem até a aldeia que Lenina critica a cor verde dos gamas e agradece por não ser um deles, mas ela também usa a mesma cor... Vai entender...
Bjss
kkkk Tudo bem, eu vou tentar ler 1984.
ExcluirAgora que você citou isso, sobre ela trabalhar em um centro médico, faz sentido o verde. Mas não faz o menor sentido isso que ela fala sobre os Gamas, mas realmente, vai entender o que o autor quis dizer...
Abraços!
Faça isso e não esqueça de escrever lá no Lapso! *___*
ExcluirEntão, o negócio, eu acho, é mostrar justamente o quão irracional o condicionamento torna as pessoas, afinal, é a mesma cor, mas por ela ser Beta se sente superior aos Gamas, superioridade que vem do nada... ¬¬
Oiii, tudo bem?
ResponderExcluirGente me segura que to caindo com essa resenha. Morro mesmo de vontade de ler essa obra e digo agora cm mais certeza diante do que tu escreveste, adorei e fico grata em ter oportunidade de ler algo assim. Dica anotada.
Beijinhos
Olá, Morgana! Tudo bem sim e você? Obrigada, muito obrigada mesmo!! *___* Que bom que gostou! Espero que possa lê-lo, você vai adorar! ^^
ExcluirBjss
Adoro distopias! E tenho ouvido falar muito bem desta obra. Tenho muita vontade e ler.
ResponderExcluirParabéns pela resenha. Como sempre muito bem construída.
Beijinhos...
http://estantedalullys.blogspot.com.br/
Eu também!! *___* Obrigada mesmo! Você também vai adorar essa!
ExcluirBjss =)
tbm vou discordar do teu amigo ashaushaushsuahusah
ResponderExcluirAMN é um livro incrível, é um dos meus distópicos preferidos... <3
sua resenha ficou ótima, adorei a referência ao Fordismo...
e sobre o layout... ficou muito lindo aqui *--*
bjs ;D
Se meu amigo ler essa resenha, ele vai querer me matar! kkkkkkkkk
ExcluirObrigada!! Esse livro é muito incrível! Dava para montar um grupo só para falar dele! kkkkkk
Ah ele é lindo, né! A artista que fez é maravilhosa! Tô babando até agora! =D
Oi!!
ResponderExcluirEu li poucos livros de distopia até hoje, mas todos que li gostei muito e esse chamou a minha atenção.
Gosto de livros que intrigam e fazem a gente parar um pouco para pensar, refletir e pelo visto esse livro faz isso.
Gostei da dica e vou anotar o nome dele.
Beijão!
Olá, Liziane!
ExcluirObrigada pelo comentário! Com certeza, este é um livro para refletir e muito a respeito dos erros de nossa sociedade....
Bjss *__*
Olá, esse é um livro que quero/preciso ler. Esse semestre na faculdade a gente estudou um pouco mais sobre as ideias do Ford e pensar numa sociedade governada por essas ideias é bem aterrorizante. Ótima resenha!
ResponderExcluirOi, Maria!
ExcluirNossa! Guarde todas as suas anotações sobre Ford, leia o livro e escreva uma resenha super completa a respeito! Cara, eu vou pirar! kkkkkkkkkk Esse livro é demais! Obrigada pelo comentário!
Bjss
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirTenho curiosidade pela leitura, porque é tipo um clássico e eu gosto muito de sair da zona de conforto. A trama me atrai bastante, porque é bastante diferente do tipo de livro que tenho o costume de ler e acredito ser uma grande lição de humanidade e existencialismo (coisas que amo numa leitura hehe).
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/
Indico muito não apenas essa como todas as distopias clássicas! São maravilhosas e nos fazem pensar e refletir muito, além de aumentar o nosso conhecimento de mundo! =)
ExcluirEu também discordo de seu amigo, Admirável Mundo Novo é um livro fantástico, ao menos, achei. 'Enfim, essa foi uma leitura extremamente proveitosa e repleta de anotações e descobertas.' descreveu exatamente como foi a leitura pra mim :D
ResponderExcluirÉ um livro maravilhoso mesmo! Obrigada pelo comentário! ^^
ExcluirEssa foi a primeira distopia clássica que li, então tomei um susto com o ritmo da coisa, porque na minha cabecinha teríamos aquele ritmo acelerado, muitos acontecimentos e revoluções (culpa de Jogos Vorazes e outros atuais), e não ver isso foi meio que um choque. Isso acabou atrapalhando um pouco minha leitura, pois achei ele muito parado. Reconheço que é um livro MUITO bom e cheio de reflexões importantes, mas acho que o momento da leitura não ajudou.
ResponderExcluirJá quando li 1984, de cara me encantei, pois não esperava mais bombas e tiros, então acabei gostando mais.
A visão do Huxley é algo realmente admirável. Por conta desse livro, quero muito conhecer outras obras do autor, assim como de Orwell, mas os preços são tão salgadinhos <//3
ourbravenewblog.weebly.com
Olá!
ExcluirA primeira distopia que li em minha vida foi 1984, tinha 14 anos! Amei! Depois li algumas teens, outras clássicas e, sinceramente, meu negócio está com os clássicos, não sei por que, mas acho as distopias teens (maioria, não todas) muito superficiais e a ação delas as vezes tira o foco do que realmente importa nesse gênero: as tramas políticas.
Também gostaria muito de ler outras obras desses autores, mas parece que o mercado editorial não quer que o façamos... Mas, quem conseguir primeiro resenha para elucidar os outros! ^^