21 de maio de 2016
O auto da Compadecida - Ariano Suassuna



No dia 23 de Julho de 2014 morreu Ariano Suassuna um dos maiores e mais brilhantes escritores de nossa literatura. Suassuna conseguiu com sua delicadeza e engenhosidade, mostrar a todos a cultura do povo nordestino, suas lendas e mitos, tudo isso com muito bom humor e perspicácia. 
São essas características que encontramos tão bem articuladas em O auto da Compadecida, uma de suas obras mais famosas. 
Nesse texto que, caso você não saiba, é teatral, veremos a encenação de um verdadeiro "cu de boi" engendrado pela personagem João Grilo. O "causo" começa quando Grilo e seu amigo Chicó não até a igreja da cidade para pedir a benção do padre para o cachorrinho de seus patrões (padeiro e sua mulher), mas prevendo que o sacerdote não aceitaria, João inventa que o animal pertence a Antônio Morais, o homem mais rico e poderoso do lugar. Descoberta a mentira, ele inventa um testamento do cachorro, fazendo com que o padre, o sacristão e o bispo decidam fazer o funeral do bichinho, pois este até já morreu! 
Mas, um problema enorme chega à cidade: Os cangaceiros. Nesse mesmo dia, eles atacam e acabam matando os "religiosos", padeiro, sua esposa, no entanto, João Grilo, muito esperto, engana os assassinos, só que não consegue salvar-se e o único que sobre vivo é Chicó. 
Calma! Antes que você grite - Spoiler, spoiler!! O que realmente importa aqui é o julgamento dessas almas... 
Ao morrerem, essas personagens deparam-se com duas figuras: um diabo e o Encourado (o demônio), estes querem levar a todos ao Inferno, porém, mais uma vez, João dá mostras de sua sapiência pedindo pela intervenção de Jesus Cristo e, depois, de Nossa Senhora, a Compadecida. 
Tendo como base várias lendas do nordeste e da mitologia cristã, esta peça traz diversas críticas à sociedade e suas hierarquias. 
Em seu prefácio, Henrique Oscar nos atenta para o fato de que O auto da Compadecida não faz mera cópia dos modelos do teatro medieval (O auto da barca do Inferno), e sim utiliza esses moldes para incorporá-los a época e aos costumes puramente nordestinos e brasileiros, fazendo com que esta obra seja única e repleta de criatividade, respeito e enaltecimento do povo brasileiro. 
É interessante ver, ao longo da leitura, as marcações das cenas e comentários do autor a respeito de possíveis mudanças. 
Com certeza, esta foi a melhor peça que já li e, se puder, leia e assista ao filme, pois além de se divertir, fará grandes reflexões também! 

6 comentários:

  1. Suspeito que o autor seja um desconhecido em Portugal, pois, além de nunca o ter lido, também nunca ouvi falar dele entre nós amantes de livros portugueses.

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    1. Nossa, sério?! Pois precisam conhecer já!! Ariano Suassuna foi um excelente autor e retratou muito bem a cultura do nordeste brasileiro em suas obras, sério, vale muito a pena conhecê-lo. ^^

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  2. Oi! Tudo bem? Eu não havia lido esse livro, embora tenha muita vontade por ter visto filme várias vezes na sessão da tarde e na escola hehehe. Achei muito legal como você retratou na resenha os temas que são abordados como as críticas à hierarquia e afins.
    Parabéns pela resenha!

    Abraços!

    -Ricardo

    <a href="http://lapsodeleitura.blogspot.com.br/>Lapso de Leitura</a>

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    1. Olá! Também assisti várias esses ao filme e a série! Adoro essa história e o livro é fantástico!
      Obrigada pelo comentário! Bjss
      ^^

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  3. Oi visitei e gostei do seu cantinho compartilhando aqui
    alguma sugestão pro "visual" de minha lojinha??
    bjãoo Renato
    Caixa MDF

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