6 de maio de 2015
Vida de professor não é fácil...

      Vida de professor não é fácil... e eu não digo isso pensando especificamente nas greves e represálias que nós sofremos ao longo desta primeira metade do ano, o longo de todos esses anos... A situação dos professores no Brasil, pode ser dividida em duas dimensões: a micro e a macro. Por isso não são apenas as greves, não são apenas os policiais agredindo professores, nossa situação só piora a cada dia e o princípio dela está dentro de um lugar: a escola.
       Algumas pessoas que não fazem parte desse meio podem não saber, mas, a docência era vista como um sacerdócio, visto que, os primeiros professores eram padres e essa visão repercute até os dias de hoje com os baixos salários que recebemos e com o descaso de nossos alunos, é como se ser professor não fosse uma profissão. Este primeiro problema ainda está na dimensão micro. Outro exemplo desta, é a falta de respeito com o trabalho individual do professor, se você trabalha em uma instituição de ensino particular, muito provavelmente já se deparou com a seguinte situação: a escola possui uma metodologia específica que você sabe que não dá mais certo, afinal a sociedade muda, suas necessidades educacionais mudam também, nós estamos no século da tecnologia, logo, é imprescindível utilizá-la em nossas práticas docentes, no entanto, a escola onde você trabalha possui um método x que simplesmente não atrai os alunos, muito pelo contrário, desmotiva, é cansativo, repetitivo, repleto de avaliações que apenas servem para testar o "decoreba" prescrito em sala de aula e não, para efetivamente, ensinar o aluno a entender determinada disciplina e sua importância. 
        Eu sou professora de língua portuguesa e a cada dia deparo-me com perguntas como: "Por que eu preciso saber o que é verbo?", "Por que eu tenho que ler um livro do Machado de Assis?" "Por que eu tenho que aprender a fazer uma redação?". Todas essas perguntas podem parecer absurdas a alguns mas, não são! A maneira como a grande maioria dos professores ensina as classes gramaticais, sempre favorecendo o conceito ao invés do uso, a insistência de várias instituições de ensino e/ou professores em ensinar literatura apenas com textos canônicos, a partir do 6º ano, por exemplo, o ensino de técnicas de redação sem explicações prévias e discussões com a classe, colaboram para que nossos alunos nos vejam como alienígenas que não querem ajudá-los a aprender e sim, afundar suas mentes em um amontoado de palavras e expressões sem sentido algum, no entanto, há professores que querem fugir dessas regras absurdas e acabam por ser repreendidos, como eu sou, ou no pior, ou melhor dos casos (depende da interpretação), são demitidos. Tudo isso ainda está na dimensão micro, aquela que ainda pode ser modificada dentro da sala de aula, entre professor e aluno, ou no ambiente escolar, entre professor e coordenador. 
      Agora, na dimensão macro, nós temos milhares de problemas que envolvem não apenas as dicotomias apresentadas a cima, mas também: a participação e o papel da sociedade na educação, o papel e o compromisso do governo. Tendo esses dois novos pares em jogo podemos perceber que a educação não se faz sozinha, minha mãe costumava dizer "Não há escola ruim quando o aluno é bom", infelizmente eu tenho que discordar com ela, porque a escola, a comunidade, a sociedade, o meio em que nossas crianças e adolescentes estão inseridos ou são inseridos, vai influenciar sim em suas concepções de educação! Uma sociedade que despreza profissionais da educação e da área da saúde, por exemplo, que enaltece jogadores de futebol e "artistas" com fama de 5 cinco minutos, está automaticamente, incentivando sua juventude a não estudar, é como se disséssemos: "Veja, o Fulano de Tal não terminou o ensino médio mas, por ser jogador de futebol ganha bilhões a mais do que um profissional que tem doutorado", "Olha, aquela Fulana que participou daquele reality show ganhou muito dinheiro com isso, ela não precisou estudar" e assim nós fazemos, quando digo nós, quero dizer toda a sociedade e a mídia, que influenciam os fofinhos a não quererem estudar e quando eles entram na escola e deparam-se com métodos arcaicos de ensino, é como se tudo isso fosse parte de um grande plano para "matar" a educação de nosso país, tudo contribui para que a educação seja a grande vilã dessa história.
     O governo, que poderia nos auxiliar, ao invés disso, só atrapalha. São represálias, discursos culpando os professores, discursos contra a postura de professores que querem "fazer a diferença" em suas comunidades, a cada dia sofremos mais e mais com esta violência, que se não for percebida por todos os membros dessa sociedade, não vai se transformar em pizza, como dizíamos antigamente... ela vai seguir a influência das literaturas estrangeiras e se transformar em tema para alguma distopia teen!
      Enfim, espero não ter ofendido ninguém com este desabafo, obrigada!

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